No Dia Mundial da Mulher, celebramos a coragem, a visão e o impacto duradouro de mulheres que ousaram desafiar padrões e abrir caminho para um planeta mais sustentável. Conheça o seu legado e inspire-se.
Hoje destacamos três figuras incontornáveis da conservação ambiental: a portuguesa Raquel Gaspar, a indiana Vandana Shiva e a nigeriana Wangari Maathai. Três mulheres que, com determinação transformaram realidades e inspiram gerações.
Raquel Gaspar: defensora dos oceanos
Se o oceano tivesse voz, pediria socorro, mas mesmo sem voz, Raquel Gaspar foi em seu auxílio. Bióloga marinha e cofundadora da Ocean Alive – a primeira cooperativa dedicada à proteção dos oceanos em Portugal – esta portuguesa tem dedicado a sua vida ao mar, com especial atenção, ultimamente, às pradarias marinhas – florestas no fundo do mar – no rio Sado.
“O meu trabalho não é sobre uma linguagem científica. É um sentimento, uma linguagem antiga. É emocional e sensorial, É assim que se envolve as comunidades”, disse Raquel ao descrever o seu trabalho em entrevista ao “Her Story Series” do projeto Flexible Multipartner Mechanism da FAO.
E por quê esta área em particular? Porque essas pradarias verdes subaquáticas são verdadeiras defensoras da biodiversidade, funcionando tanto como berçários para várias espécies como para habitats de peixes e crustáceos dos quais depende a economia da comunidade pesqueira local, capturando, ao mesmo tempo, carbono da atmosfera.
Através do envolvimento direto das pescadoras locais, Raquel mostrou que a conservação ambiental só funciona quando inclui as comunidades, valorizando os seus saberes e criando alternativas sustentáveis. Um mar de mudança, guiado pela paixão e pela ciência!
Vandana Shiva: a revolução começa na terra
Vandana Shiva não se contentou em assistir de braços cruzados à degradação do solo e à perda da biodiversidade agrícola. Com uma formação em física quântica, esta indiana tornou-se uma das vozes mais poderosas em defesa da soberania alimentar e contra os impactos da agricultura industrial.
Criou a Navdanya, um movimento centrado na Terra, nas mulheres e liderado por fazendeiros para a proteção da diversidade biológica e cultural. Este movimento conserva a rica herança de sementes nativas numa rede de bancos que protegem variedades nativas e promovem uma agricultura ecológica e justa. Shiva mostrou ao mundo que a verdadeira riqueza não está no lucro de grandes corporações, mas na fertilidade do solo e na segurança alimentar das comunidades.
Uma guerreira do verde que, com palavras e ações, planta a resistência e a esperança.
Wangari Maathai: a mulher que “plantou” milhões de árvores
Se as árvores falassem, diriam que Wangari Maathai foi uma das suas maiores aliadas. Primeira mulher africana a receber o Prémio Nobel da Paz, esta queniana fundou o Green Belt Movement, cujo principal foco é a redução da pobreza e a conservação ambiental por meio do plantio de árvores. Desde 1977 já foram plantadas mais de 51 milhões de árvores através do seu movimento.
“Se destruírem a floresta, os rios deixarão de correr, as chuvas tornar-se-ão irregulares, as colheitas falharão e morrerão de fome.” Wangari Maathai
Mas a sua luta ia muito além do ambientalismo: era também uma luta por direitos humanos, democracia e justiça social. Wangari enfrentou a prisão, a perseguição e a violência, mas nunca desistiu de um ideal simples e poderoso: quando plantamos uma árvore, plantamos o futuro. Uma mulher-raiz e inabalável.
O Futuro precisa delas (e de nós)
Raquel Gaspar, Vandana Shiva e Wangari Maathai são a prova viva de que a conservação ambiental e o progresso social andam de mãos dadas. Quebraram barreiras, desafiaram sistemas e mostraram que a ciência, a sustentabilidade e a conservação ambiental são inseparáveis.
No Dia Mundial da Mulher, inspiramo-nos no seu exemplo e recordamos: proteger a biodiversidade e a Natureza é também proteger a nossa própria sobrevivência. E, se há algo que estas mulheres nos ensinam, é que cada pequena ação conta.