O coberto vegetal, e em particular as florestas, tem influência decisiva na contenção de processos de degradação do solo. Florestas com ciclos de crescimento mais longos ou, embora mais curtos, com vários ciclos de crescimento tendem a manter mais protegido o solo, por exemplo, da ação de gotas de chuva e da escorrência superficial da água que leva consigo partículas do solo.
Ao contrário do que se crê, mais do que a espécie plantada, são os fatores climáticos e topográficos, e as práticas de gestão os mais preponderantes na qualidade dos solos: a quantidade, a intensidade e a concentração das chuvas; o relevo; a preparação do terreno, por exemplo; e a existência e abundância do coberto vegetal.
Por exemplo, nas florestas plantadas de eucalipto, uma mais-valia está relacionada com a possibilidade de uma plantação poder ser gerida por vários ciclos de crescimento – regime de talhadia – sem que haja necessidade de voltar a fazer nova plantação. Desta forma, após um primeiro corte do povoamento, deixa-se vingar, normalmente, até dois rebentos por pé por mais um ciclo de crescimento. Esta técnica evita a necessidade de voltar a realizar-se a preparação do terreno durante mais de 30 anos, ação necessária geralmente a cada nova plantação. O crescimento rápido dos rebentos por pé e a manutenção do sistema radicular já desenvolvido no terreno protegem o solo da ação direta das gotas de chuva e constituem barreiras à escorrência superficial da água, o que ajuda a impedir a desagregação, ou melhor dizendo, uma das fases de erosão do solo. A existência de cobertura vegetal reduz, de certa forma, a incidência dos raios solares, evitando que a camada superficial do solo sobreaqueça e aumente a evaporação durante as épocas mais quentes do ano. Evita-se, assim, perturbar o solo, potencia-se o seu equilíbrio ecológico e a sua proteção reduzindo o período de exposição direta a agentes erosivos.
O solo estará mais sujeito a degradação na fase de plantação e de exploração florestal pelo que a adoção das melhores práticas silvícolas e nos timings mais adequados, evitando-se os períodos mais chuvosos, é decisiva.
As plantas e folhas (sobrantes) que se mantêm dos ciclos anteriores de crescimento do povoamento sobre o solo protagonizam também uma ação mitigadora a possíveis efeitos erosivos: contribuem para o aumento da matéria orgânica e criam a biomassa residual da floresta. Ou seja, potenciam melhores condições para os microrganismos do solo que, por sua vez, fomentam a decomposição da matéria orgânica e redistribuem ou reciclam os nutrientes.