Uma paixão pelas dunas
São várias as subespécies de Helichrysum italicum a habitar as áreas costeiras do Mediterrâneo. Em Portugal, a mais frequente é a subespécie picardi, que também pode ser encontrada em território marroquino e espanhol.
Por cá, estabelece-se, principalmente, em habitats junto ao litoral, ao longo de toda a costa portuguesa. Podem ser avistadas (ou cheiradas) em solos arenosos, como paleodunas e dunas estabilizadas, bem como em matos psamófilos de baixa altitude.
Afeiçoada a locais com uma boa exposição solar e a solos secos e bem drenados, a perpétua-das-areias é uma planta rústica que se adapta proliferamente a condições adversas de: aridez, seca, temperatura, vento e existência de pouca matéria orgânica e nutrientes. O seu ponto fraco, no entanto, é a má drenagem do solo, uma vez que o seu sistema radicular é muito sensível ao excesso de água.
A perpétua-das-areias é adepta de uma boa poda no final do verão, após o processo de floração, visando a manutenção dos seus rebentos jovens e vigorosos.
As suas flores são alvo da atenção e fome de inúmeros polinizadores, como abelhas, moscas, formigas e outros mais. Realça-se, ainda, que é muito apreciada por várias espécies de borboletas e traças, sendo, inclusive, uma planta hospedeira e/ou fonte de alimento de espécies como Eublemma candidana e Eublemma ostrina.
Uma família numerosa
A erva-do-caril pertence à família Asteraceae, uma família com mais de 1.670 géneros botânicos e perto de 33.000 espécies.
A família é particularmente conhecida pelas inúmeras espécies ornamentais, popularmente utilizadas para a decoração de jardins e/ou como flores de corte, como por exemplo, os malmequeres e as dálias. Em Portugal, está representada por mais de 110 géneros e mais de 370 espécies, distribuídas um pouco por todo o nosso território.
Já do género Helichrysum, ao qual pertence a nossa perpétua-das-areias, existem pouco mais de 550 espécies. Helichrysum italicum e Helichrysum stoechas são as únicas espécies nativas portuguesas do género. Ambas partilham certas características morfológicas como o porte, a folhagem e o aroma, mas ocorrem em habitats distintos.
O canivete-suíço do reino Plantae
A perpétua-das-areias é uma planta muito versátil, apresentando finalidades ornamentais, aromáticas e medicinais.
A sua folhagem e flores vistosas, aliadas ao facto de que, tal como alude o nome, as suas flores, mesmo depois de secas, se “manterem” durante muito tempo, faz com que se torne uma opção ornamental bastante interessante e viável para qualquer jardim ou vaso. Além disso, é um excelente repelente natural, sendo dotada da capacidade de afastar pragas indesejadas.
Na culinária, as folhas da planta podem ser utilizadas para aromatizar saladas, sopas, molhos, estufados e pratos de peixe e carne, uma vez que o seu aroma é subtil na cozedura e marcante no olfato.
As suas propriedades medicinais são amplamente reconhecidas, sendo utilizada como antialérgico, anti-inflamatório, antifúngico, antibacteriano e cicatrizante. É, ainda, passível de uso no tratamento de lesões musculares, urticárias, queimaduras solares, herpes, eczemas, entre muitos outros.