Um território grande para uma ave tão pequena
Apesar do seu comprimento rondar os 18 centímetros, o guarda-rios pode assegurar um território de até um quilómetro e meio de rio. Conhecido por ser um pássaro solitário e extremamente territorial, esforça-se para proteger o seu terreno espaçoso visando abundância de alimento e a segurança e qualidade do local de nidificação.
Aquando de uma possível disputa por território, as lutas podem ser mortais. Perseguições aéreas a alta velocidade, lutas de bicos e tentativas de afogar o seu adversário, caracterizam as rixas dos guarda-rios.
A pausa nas hostilidades
Em abril abre-se a época de acasalamento do guarda-rios que termina no fim de julho. Durante esse período, cingem-se hostilidades entre os sexos. Almejando o acasalamento, o macho tende a oferecer um peixe fresco à fêmea. Um detalhe a enfatizar é o cuidado do macho em virar a cabeça do peixe para o bico da fêmea.
Se os companheiros ocuparem territórios contíguos, pode dar-se uma a unificação territorial temporária. O ninho desta ave é escavado por ambos, normalmente, perto da margem de um rio e, habitualmente, realizado em barreiras de terras ou barrancos arenosos. Os ninhos consistem num túnel de cerca de 60 a 90 centímetros que termina numa câmara onde vão estar os ovos. Esta construção pode ocupar o casal durante 14 dias.
Os guarda-rios têm o cuidado de colocar o ninho a uma altura suficientemente alta para evitar cheias ocasionais. A escavação contempla, ainda, o declive ideal para que os ovos não rolem para fora do ninho.
Os ovos são chocados três semanas antes da eclosão. Após o nascimento, as crias permanecem no ninho durante 3 a 4 semanas. No decorrer desse período, ambos os parentes caçam para alimentar os filhos, podendo levar ao ninho 50 a 70 peixes por dia. Por não as ingerir, os Guarda-rios tendem a acumular uma quantidade avultada de espinhas de peixe nos seus ninhos.
As suas ninhadas produzem cerca de 4 ovos de cada vez e com frequência, cria três ninhadas durante o período de acasalamento. A sua reprodução prolífera contribui para que, no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, esteja classificado como uma espécie Pouco Preocupante, no que toca ao risco de extinção.
Não obstante, as ameaças ao guarda-rios têm vindo a crescer, com o aumento da poluição das águas, que acaba por contaminar e reduzir os seus recursos alimentares. O turismo, a caça e a pesca desportiva, também têm contribuído para a perturbação de áreas de nidificação e de alimentação do guarda-rios.