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O Chapim-azul

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Pequeno em tamanho, mas facilmente reconhecível pelas suas cores exuberantes, o chapim-azul (Cyanistes caeruleus), é uma das aves mais emblemáticas da avifauna nacional. Pertencente à família Paridae, é destemida e irrequieta por natureza, movimentando-se facilmente por entre os ramos das árvores à procura de insetos, a base da sua alimentação.

Com um comprimento de cerca de 12 centímetros e um peso que raramente ultrapassa os 12 gramas, esta ave destaca-se pela sua plumagem vibrante. Na cabeça parece ostentar um barrete azul, que contrasta com o branco das faces e a fina linha negra que atravessa os olhos, parecendo uma mascarilha. O dorso é verde-azeitona, enquanto as asas e a cauda são azuis. O peito e o ventre variam entre o amarelo vivo e o branco. O bico e as patas são cinzentas escuras. Os juvenis no Verão possuem bochechas amarelas e boné verde acinzentado.

Amplamente distribuído pela Europa, estendendo-se até ao noroeste de África e partes da Ásia ocidental, em Portugal, o chapim-azul pode ser encontrado em praticamente todo o território, preferindo áreas florestadas, parques e jardins urbanos. As florestas de carvalhos, pinheiros e eucaliptos, montados e locais com árvores antigas são especialmente atrativas para esta espécie.

A dieta é variada e muda conforme a estação do ano. Durante a primavera e o verão, alimenta-se predominantemente de insetos (sobretudo larvas de lepidópteros), aranhas e outros invertebrados, o que o torna um importante aliado no controle de pragas (nas quais se incluem as cochonilhas e os pulgões). No outono e inverno, quando a disponibilidade de insetos diminui, o chapim-azul adapta-se e passa a alimentar-se de sementes, bagas e frutos. Nos jardins, é frequente encontra-los nos comedouros, onde apreciam especialmente amendoins, girassol e bolas de gordura. O seu principal predador natural é o gavião, contudo, existem outros animais como as doninhas, os esquilos e os gaios, que visitam os ninhos e alimentam-se dos ovos.

Quando é chegada a época de reprodução, esta espécie de ave nidifica em cavidades, principalmente de árvores velhas, ou buracos em paredes. Mas facilmente se habitua a outras estruturas, como as caixas-ninho instaladas pela The Navigator Company na Herdade de Espirra, um dos seus centros de biodiversidade.

Os ninhos são construídos pelas fêmeas e formados por materiais macios como palhas, pelos, penas e musgo. A época de reprodução começa, em Portugal, na primavera, geralmente em abril, podendo variar consoante as regiões do país. As posturas podem variar entre 7 a 12 ovos, que são incubados durante cerca de duas semanas. Os juvenis deixam o ninho após aproximadamente três semanas, embora continuem a ser alimentados pelos pais por mais algum tempo.

Enérgico, ginasta e inteligente

Os chapins-azuis são aves altamente sociais, muitas vezes observadas em pequenos bandos mistos com outras espécies de chapins, especialmente durante o inverno. São conhecidos pela sua acrobacia ao procurar alimento, pendurando-se de cabeça para baixo e movendo-se rapidamente entre ramos e folhas. O seu canto é um trinado melódico e alegre, frequentemente ouvido em áreas florestadas e jardins.

Mas nem só a beleza e a energia caracterizam este divertido passarinho. O chapim-azul também é conhecido pela sua capacidade de aprendizagem e adaptação sempre que a sua sobrevivência assim o exige.

Um exemplo famoso foi a capacidade que desenvolveram de abrir garrafas de leite, no Reino Unido. Este fenómeno foi bem documentado e fascinou tanto ornitólogos quanto o público em geral. Foi observado pela primeira vez na década de 1920 e tornou-se comum nas décadas de 1950 e 1960, com chapins-azuis, frequentemente, a visitar soleiras de portas para conseguirem alcançar a nata do leite que estava por baixo das tampas das garrafas. Atualmente, o comportamento parece ter desaparecido muito em parte devido às mudanças nas embalagens de leite e aos métodos de entrega/compra. No entanto, foi considerado um exemplo notável de aprendizagem social entre as aves.

Embora pequena de tamanho, o chapim-azul desempenha um grande e crucial papel nos ecossistemas que habita. A sua presença em parques e jardins traz vida e movimento, enquanto os seus hábitos alimentares ajudam a controlar populações de insetos evitando pragas. Uma mais-valia para o equilíbrio dos ecossistemas.

  • Chapim-azul

    Cyanistes caeruleus

  • Aves

  • Género

    Cyanistes

  • Família

    Paridae

  • Habitat

    Ocorre em diversos tipos de habitats, tais como bosques, florestas mistas, montados, matagais densos ou galerias ripícolas, mas também pode ser observado em zonas urbanas, frequentando essencialmente pomares, parques, jardins e avenidas bastante arborizadas.

  • Distribuição

    Espécie residente e muito frequente em Portugal continental, pode encontrar-se por todo o território nacional e ser observada durante todo o ano.

  • Estado de Conservação

    Com estatuto de conservação em Portugal “Pouco preocupante”.

  • Altura / comprimento

    Podem atingir cerca de 12 cm.

  • Longevidade

    Vivem, em média, cerca de 3 anos, mas há registo de já terem alcançado os 9 anos de idade.

Como protegemos a espécie?

Sabia que o chapim-azul, é uma das 253 espécies de fauna que habitam as florestas da Navigator?

Atualmente, não enfrenta ameaças significativas à sua sobrevivência, mas com as alterações climáticas, esta pequena ave está a passar por uma mudança nas suas características físicas, nomeadamente, a alteração das suas cores, revela um novo estudo desenvolvido pela Universidade do País Basco e pelo Centro de Ecologia Funcional e Evolutiva de Montpellier.
Em Portugal, a The Navigator Company, desenvolve ações de conservação da biodiversidade nos seus espaços florestais que potenciam o controlo natural de pragas, com métodos que apresentam vantagens comparativamente à aplicação convencional de inseticidas – que afetam abelhas e outros polinizadores. Por exemplo, instalou caixas-ninho no Centro de Biodiversidade da Herdade de Espirra, para que aves como o chapim-azul possam cumprir os seus ciclos de reprodução. Com efeito, a colocação destes ninhos artificiais ajuda a um maior sucesso reprodutivo das aves, cuja presença em maior número contribui para o controlo das pragas e a manutenção sustentável dos seus habitats.

 

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