As árvores são especialistas no processo de absorção e transpiração.
Através das raízes ou com a ajuda das rochas naturais em proximidade, as moléculas da água que passam por estas camadas deixam retidas apenas as bactérias, contaminantes ou nutrientes em excesso.
A água é absorvida pelas raízes das árvores e plantas, e em seguida viaja pelos vasos condutores xilema – um tecido poroso à escala micrométrica – por onde passa a seiva bruta, rica em água, sais minerais e O2, e que flui das raízes para as folhas. A água nas plantas move-se sempre de acordo com o chamado potencial hídrico, ou seja, de onde há mais água (solo), para onde há menos (atmosfera).
A água dissolve também os nutrientes, sobretudo açucares, gerados pela fotossíntese, permitindo a nutrição de todas as células da planta através de outro sistema de vasos, chamado floema.
Diferentes solos retêm e distribuem água também de formas variadas.
Vejamos o exemplo: dois solos diferentes com teor de 30% de água como a areia e a argila. O solo da areia é superficial, o que faz com que a humidade seja incapaz de favorecer o crescimento das plantas por conta da fraca aeração. Já a argila, aparenta reter e fornecer água com agilidade, no entanto, por conta da sua forma e textura, impede a passagem dos níveis essenciais de água para o bem-estar da planta. Além do mais, a água move-se sempre dos espaços de maior potencial para menor.
Mais tarde, a árvore liberta a água purificada através da evapotranspiração, o principal processo que forma as nuvens – verdadeiras gerentes reguladoras dos padrões de precipitação globais. Em simultâneo, cria maior humidade no ar e ajuda no arrefecimento da atmosfera local, servindo para dinamizar e expandir a presença de água no planeta. É importante referir, no enquanto, que a grande maioria de água evapora-se de superfícies expostas, nomeadamente o oceano.
Mas a transpiração das plantas vai muito além da época das chuvas: tem-se por referência que um carvalho adulto de altas dimensões transpira 151 mil litros de água por ano, cerca de 414 litros de água por dia. Estes dados variam e dependem não só do nível de humidade no solo ao longo do ano, mas também do clima e dimensão de cada planta, particularmente da sua superfície de folhas (número de folhas x área de cada folha), e da densidade e dimensão dos estomas.
Esta autogestão natural ajuda a preparar todo o ecossistema para as próximas rondas de precipitação. O processo chega a ser tão minucioso que é capaz de reter água, prevenir cheias e destruições de habitats em espaços mais frágeis, como é o caso das planícies.
No caso de uma cheia, a água que fica estagnada no local não consegue continuar a sua viagem para outras zonas e espalhar os seus nutrientes.
Felizmente, as raízes e os troncos das árvores têm um papel na estabilidade do solo, como é o caso dos amiais ripícolas. Estes ajudam na fixação das terras e estabilização dos rios, prevenindo o movimento de lama em zonas de declive e o estrago das vilas e respetivas terras.