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Os bichinhos do subsolo: um mundo debaixo dos nossos pés duplicate

Quem diria que, debaixo dos nossos pés, existe um mundo vibrante e diversificado de pequenos seres que desempenham um papel crucial nos ecossistemas florestais? Um grupo de cientistas analisou estes minúsculos habitantes do solo e tirou conclusões surpreendentes.

Os invertebrados do solo, apesar de maioritariamente invisíveis a olho nu, desempenham um papel fundamental nos ecossistemas terrestres. São responsáveis pela decomposição da matéria orgânica e pela ciclagem de nutrientes, processos essenciais para a fertilidade do solo e para a saúde da flora. Apesar da sua importância ser há muito reconhecida, esta biodiversidade tem carecido de estudos e análises.

Neste contexto, uma equipa de investigadores portugueses, brasileiros e espanhóis da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) realizou uma meta-análise global, que incluiu 26 estudos publicados e que permitiu comparar a vida no solo dos eucaliptais com outros tipos de culturas a fim de se perceber os impactos na diversidade e densidade destas comunidades.

Mais vida nos eucaliptais

Os resultados revelaram que as plantações de eucalipto apresentam uma maior densidade de invertebrados no solo, como ácaros, insetos e minhocas, do que as pastagens e os sistemas agroflorestais. Isto significa que, num punhado de terra de eucaliptal, encontra-se mais “bichinhos” do que num pedaço de pasto.

Em comparação com outras plantações florestais, os eucaliptais apresentam maior diversidade, ficando atrás apenas das florestas nativas. Ou seja, há uma maior variedade de espécies de invertebrados a chamar o solo dos eucaliptos de casa do que se possa pensar. Além disso, os impactos na densidade e diversidade dos invertebrados varia conforme o tipo de plantação e fatores climáticos, como a temperatura e a precipitação.

O que se segue?

A investigadora, Raquel Juan-Ovejero, líder do estudo, enfatizou, em declarações ao site da Universidade de Coimbra, a importância de continuar a investigação, sugerindo a integração de informações adicionais em estudos futuros, como as propriedades físico-químicas do solo, a idade das árvores, os métodos de amostragem e as práticas de gestão florestal.

Esta abordagem permitirá uma compreensão mais aprofundada dos efeitos das plantações de eucalipto sobre os invertebrados, o solo e a biodiversidade em geral, contribuindo tanto para o avanço do conhecimento científico como para a melhoria das práticas de gestão florestal, afirmam os investigadores.

Este estudo destaca a necessidade de uma gestão florestal informada e adaptativa, que considere os múltiplos fatores que influenciam a saúde dos ecossistemas. Ao integrar conhecimentos sobre a biodiversidade do solo e as práticas de gestão, é possível promover a sustentabilidade das plantações de eucalipto, garantindo que estas cumpram o seu papel económico sem comprometer a integridade ecológica dos ambientes onde se inserem.

Sabia que…

  • No projeto Floresta do Saber na Quinta de São Francisco, existe uma atividade chamada “A Biodiversidade Escondida”, onde as crianças e alunos das escolas exploram microscopicamente a comunidade de organismos do solo e podem constatar que o solo está literalmente vivo! Esta atividade destaca a importância da floresta na criação e manutenção dos solos.
  • Um único hectare de solo arável pode conter até quatro toneladas de micro-organismos, incluindo bactérias, fungos e invertebrados. Há mais organismos numa colher de chá de solo do que habitantes na Terra.
  • Apesar de viverem na terra, vários organismos desta microfauna são, na verdade, aquáticos, pelo que vivem associados à camada de água do solo.
  • No mundo, existem mais de 8 mil espécies diferentes de minhocas. Estas ajudam a aerar o solo, tornando-o mais fértil ao decompor matéria orgânica e misturar nutrientes.
  • A fauna do solo varia conforme a profundidade. Os invertebrados que habitam o folhiço (camada de folhas e matéria orgânica na superfície do solo) geralmente possuem pernas alongadas e coloração evidente. Já aqueles que vivem nas camadas inferiores do solo tendem a ter pernas reduzidas ou ausentes, corpos transparentes e forma vermiforme.
  • Rosas-de-páscoa

    Primula acaulis

  • Planta

  • Família

    Primulaceae

  • Habitat

    Locais húmidos e sombrios, carvalhais e florestas decíduas, matos, bosques caducifólios e ripícolas.

  • Distribuição

    Sul e Oeste da Europa, região mediterrânica e Próximo Oriente.

  • Estado de Conservação

    Desconhecido.

  • Altura / comprimento

    A planta cresce até aos 20 centímetros.

  • Longevidade

    48,3 anos

Como protegemos a espécie?

Embora ocorra nas florestas geridas pela The Navigator Company, especialmente em zonas húmidas e onde a sombra é abundante, a espécie Primula acaulis não dispõe de uma estratégia de conservação por parte da companhia.

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