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Quando a água deixa de ser vida

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A poluição da água é um dos maiores desafios ambientais, com implicações profundas para os ecossistemas aquáticos e terrestres. À medida que a população mundial cresce, também os reservatórios de água vão sendo contaminados, afetando a biodiversidade de formas que ainda não são completamente compreendidas. Saiba mais sobre esta crise e as suas consequências.

A relação entre águas limpas e vida saudável é indiscutível, e este equilíbrio delicado é vital para a sobrevivência de inúmeras espécies, tanto aquáticas quanto terrestres. Mas à medida que as atividades humanas se intensificam, os reservatórios de água – como os rios, lagos, oceanos e aquíferos – são contaminados por uma variedade de poluentes.

Esta contaminação põe em causa não só a saúde dos ecossistemas e do planeta como também o desenvolvimento socioeconómico, a produção de energia ou a nossa adaptação às mudanças climáticas.

Tipos de poluentes e os seus impactos

A poluição da água pode assumir várias formas, desde os poluentes químicos, como pesticidas, metais pesados e produtos farmacêuticos, até os físicos, como plásticos e detritos. Cada tipo de poluente tem um impacto distinto, mas todos afetam a biodiversidade aquática de maneiras significativas.

Por exemplo, os produtos químicos podem envenenar organismos aquáticos, interromper os seus ciclos de reprodução e prejudicar a cadeia alimentar. Já os plásticos, que se acumulam nos oceanos e nas zonas costeiras, têm efeitos devastadores sobre muitas espécies, que os ingerem ou ficam enredadas nesses materiais.

A presença de microplásticos na água, detectada em várias partes do mundo, é uma preocupação crescente. A sua pequena dimensão torna difícil a sua remoção, e estes poluentes podem ser ingeridos por organismos microscópicos, que, por sua vez, são consumidos por animais maiores, prejudicando toda a cadeia alimentar.

A poluição térmica, causada por indústrias que lançam água aquecida de volta aos recursos hídricos, também é um problema crescente. O aumento da temperatura da água pode reduzir a quantidade de oxigénio disponível para os organismos aquáticos, afetando gravemente a vida marinha. Espécies sensíveis a alterações na temperatura da água, como peixes e anfíbios, podem ter as suas populações reduzidas ou até extintas.

A relação entre poluição da água e a biodiversidade

A biodiversidade, em todos os seus níveis – desde as plantas microscópicas até aos grandes mamíferos – depende de ambientes aquáticos saudáveis para o seu desenvolvimento, equilíbrio, reprodução e alimentação.

Um exemplo claro dessa dependência é a água nas florestas. Rios, lagos e ribeiras são essenciais para o funcionamento dessas áreas, servindo como fontes de hidratação, reguladores do clima local e apoio aos ciclos de nutrientes.

As florestas tropicais, como a Amazónia, e as florestas temperadas da Europa, dependem desses recursos para garantir a sobrevivência de inúmeras espécies e o equilíbrio dos ecossistemas. Quando esse equilíbrio é comprometido pela poluição, os impactos estendem-se muito além das margens dos rios.

A ameaça dos microplásticos

Os microplásticos, presentes em grande parte da água em Portugal e no mundo, têm se tornado um dos perigos mais insidiosos à biodiversidade. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas, a contaminação por microplásticos está a aumentar, e não só nos oceanos. Já se encontraram partículas dessas substâncias em zonas mais remotas e com menos presença humana, revelou um estudo recente internacional.

O impacto dos microplásticos na saúde dos ecossistemas aquáticos e na vida marinha é alarmante, mas o que este estudo veio confirmar e alertar é que, “pela primeira vez, em alguns casos, as concentrações de plástico encontradas em algumas das massas de água doce analisadas são mais elevadas do que em locais do oceano, já identificados, que acumulam grandes quantidades de resíduos e são conhecidos como “ilhas de plástico”.

Portugal destaca-se no panorama internacional, segundo esses novos dados. O artigo assinado também por autores portugueses, afirma que o lago da barragem do Alqueva e a Lagoa Azul nos Açores, figuram entre os mais afetados por esta forma de poluição. As análises realizadas revelam que a Lagoa Azul ocupa o nono lugar entre os corpos de água com maior concentração de microplásticos já estudados, enquanto o lago do Alqueva surge na 13.ª posição.

A importância de água limpa para a saúde humana

Além dos efeitos sobre a biodiversidade, a poluição da água também representa uma ameaça significativa para a saúde humana. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para os riscos associados ao consumo de água contaminada, que pode levar a doenças infecciosas, envenenamento e outros problemas de saúde.

A água potável de qualidade é essencial para o bem-estar humano, e a sua escassez, causada pela poluição e pela má gestão dos recursos hídricos, pode agravar as desigualdades sociais e económicas, particularmente em regiões mais vulneráveis.

Gestão Sustentável da Água: redução do consumo e proteção dos ecossistemas

A conexão entre um ambiente aquático saudável e a saúde humana não pode ser ignorada. A poluição da água afeta diretamente os sistemas que fornecem água potável e alimentos, colocando em risco não só as espécies, mas também as populações humanas que dependem desses recursos.

A The Navigator Company, mentora do projeto Biodiversidade, ciente desta conexão e da sua importância, implementa diversas iniciativas para reduzir o consumo de água e preservar os habitats aquáticos e ripícolas, tanto no setor florestal como no industrial.

No que diz respeito à preservação dos habitats aquáticos e ripícolas, a estratégia da empresa baseia-se em identificar, gerir e integrar a conservação da biodiversidade, promovendo a proteção de linhas de água com vegetação densa e a criação de zonas tampão onde não são realizadas operações florestais, assegurando a preservação dos ecossistemas aquáticos e ripícolas.

No setor industrial, a Navigator tem implementado programas para aumentar a eficiência hídrica nas suas unidades industriais. Entre 2019 e 2022, através do Programa de Redução do Uso de Água (PRUA), a empresa reduziu em 10% a captação de água nas suas fábricas, o que equivale a mais de um mês de operação industrial com os volumes anteriormente utilizados.

Além disso, a empresa investe na modernização dos seus processos produtivos. Por exemplo, na fábrica da Figueira da Foz, um projeto de melhoria permitiu reduzir o consumo de água em cerca de 21%, passando de 33,5 para 26,6 m³ por tonelada de pasta seca ao ar. Este projeto também contribuiu para a diminuição do uso de químicos no processo e para a valorização energética de lamas biológicas, resíduos do tratamento de efluentes.

No que diz respeito aos produtos derivados da floresta, são desenvolvidos com foco na utilização de materiais naturais, sendo evitado o uso de substâncias tóxicas e plásticos prejudiciais ao ambiente e à saúde humana. A empresa adota uma abordagem de economia circular, aproveitando subprodutos e resíduos do processo industrial.

Estas iniciativas refletem o compromisso da The Navigator Company com a sustentabilidade ambiental, promovendo a conservação dos recursos hídricos e a proteção dos ecossistemas associados.

Sabia que…

  • Poluição no Rio Trancão
    Historicamente, o Rio Trancão, próximo de Lisboa, foi considerado um dos rios mais poluídos da Europa, devido a descargas industriais e domésticas. Embora tenham sido implementadas medidas de despoluição, como a construção de Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), o rio ainda enfrenta desafios ambientais significativos.
  • Microplásticos nos estuários portugueses
    De acordo com um estudo publicado em 2018 pelo World Wildlife Fund, 72% do lixo encontrado em zonas industriais e estuários em Portugal são microplásticos. As áreas mais afetadas incluem Lisboa e a Costa Vicentina, devido à proximidade com os estuários dos rios Tejo e Sado.
  • Plástico nas nuvens
    Estudos recentes indicam que partículas de plástico já estão a ser encontradas na água da chuva, o que significa que o ciclo da água também está a ser afetado.
  • Poluição invisível

Nem toda a poluição da água vem de descargas industriais ou lixo visível. Produtos químicos como fertilizantes, pesticidas e medicamentos são grandes responsáveis pela poluição invisível das águas subterrâneas.

  • Rosas-de-páscoa

    Primula acaulis

  • Planta

  • Família

    Primulaceae

  • Habitat

    Locais húmidos e sombrios, carvalhais e florestas decíduas, matos, bosques caducifólios e ripícolas.

  • Distribuição

    Sul e Oeste da Europa, região mediterrânica e Próximo Oriente.

  • Estado de Conservação

    Desconhecido.

  • Altura / comprimento

    A planta cresce até aos 20 centímetros.

  • Longevidade

    48,3 anos

Como protegemos a espécie?

Embora ocorra nas florestas geridas pela The Navigator Company, especialmente em zonas húmidas e onde a sombra é abundante, a espécie Primula acaulis não dispõe de uma estratégia de conservação por parte da companhia.

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