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Alecrim, um aroma que chega a todo o lado!

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O alecrim, conhecido por Salvia rosmarinus, é uma erva aromática mediterrânica que tem tantos nomes quanto aplicações. Recentemente – e como o segundo nome latim indica – foi induzida no género da espécie da Salvia (Salvia officinalis), que também pertence à família Lamiaceae. Encontramo-la ao longo de todo o Mediterrâneo e em Portugal habita sobretudo o centro e o sul do país e o arquipélago dos Açores.

É uma planta perene, normalmente um pequeno arbusto ou subarbusto, capaz de atingir os 2 metros de comprimento. O caule é reto e propaga-se por várias ramificações de onde brotam folhas lineares, sésseis (ou seja, rentes ao pé), persistentes e coriáceas. A parte superior da folha é de um verde vivo e a parte inferior é branca, com numerosos pelos que reduzem a evapotranspiração durante os dias mais quentes. A flor, por sua vez, é labiada com tons azuis-pálidos, às vezes quase violetas ou brancos, e ocorre em cachos curtos.

Melífera, ou seja, uma planta que funciona como fonte de néctar, apresenta como fruto uma núcula, um tipo de fruto indeiscente (ou seja, não liberta espontaneamente as sementes quando maduro) com quatro frutícolas secas na área do cálice. Floresce durante todo o ano, especialmente entre outubro e o começo da primavera, sendo menos frequente florir durante o verão. É, pois, nesta altura do ano que ajuda os polinizadores a terem alimento quando este mais escasseia.

Surge sobretudo em matos e terrenos incultos, com preferência a locais expostos em climas quentes e secos com envolvência lapidosa ou em espaços arbóreos rodeado de pinhais.

Caule para toda a obra!

Estamos perante uma planta que é uma verdadeira polímata, ou melhor dizendo – “poliplanta” – ramificada por diversas áreas e de onde extraímos inúmeros benefícios a nível medicinal, ambiental, cosmético e gastronómico.

Esta versatilidade de funções e aplicações tem sido frutuosa para o avanço da ciência: faz parte de um conjunto natural de conservantes alimentares naturais capazes de substituir os químicos e prejudiciais. Para além de ser um agente anti-inflamatório e analgésico, o alecrim tem vindo a ser estudado pelas suas propriedades anticancerígenas e hepatoprotetoras.

As componentes antioxidantes e antimicrobianas impedem a criação de micróbios nocivos à qualidade e longevidade dos alimentos.

Estas mesmas componentes reduzem o stress oxidativo e consequentemente inflamatório no trato intestinal humano, ao mesmo tempo que as qualidades hepatoprotetoras conferem-lhe a capacidade de ajudar a proteger o fígado, através da remoção de substâncias tóxicas no corpo.

O alecrim opera como que um gestor das ânsias do corpo humano: a sua capacidade analgésica melhora a circulação, reduz a dor de cabeça, as enxaquecas, ajuda no tratamento das varizes, artrite, gota e opera como um descongestionante natural.

Chá e charme

O alecrim é a erva aromática que, esteja onde estiver, tem sempre um propósito e traz sempre uma solução. É aquele amigo que conhece e está em sintonia com toda a gente, confortável em qualquer ponto da cidade: como uma infusão tranquilizante à conversa num salão de chá, um condimento essencial na receita de um restaurante, um incenso ou banho que acalma as ânsias ou simplesmente um aroma que viaja pelo espaço e espalha charme e boas energias.

Sabia que…

  • Alecrim em latim é Ros maris, que traduzimos inicialmente para Orvalho do Mar.
  • Na Grécia Antiga acreditava-se que o alecrim fortificava o cérebro e apurava as memórias. Os alunos colocavam pequenas coroas nas cabeças para ajudar durante exames.
  • Representa o afeto no imaginário europeu. Ainda hoje é um símbolo de devoção eterna, os noivos usam na lapela e as noivas na grinalda.
  • Em Portugal o alecrim tem um hino! A música “Alecrim”, dos Censurados, é um clássico da cultura popular portuguesa. Conhece?
  • Pode encontrar o alecrim no Parque Natural da Serra da Estrela, no Parque Natural do Estuário do Sado, no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina entre outros.
  • A Salvia rosmarinus é hoje considerada uma das muitas centenas de espécies do género Salvia. Anteriormente foi colocado num género muito mais pequeno, Rosmarinus, que continha apenas duas a quatro espécies. Até 2017, era conhecido pelo nome científico Rosmarinus officinalis, atualmente um sinónimo.
  • Alecrim

    Salvia rosmarinus

  • Planta

  • Género

    Salvia

  • Família

    Lamiaceae

  • Habitat

    Matos, terrenos pouco cultivados e expostos a climas quentes e secos. Surge também em locais pedrosos e rodeado de árvores. Em Portugal, encontramo-lo em pinhais, azinhais e em vários parques naturais ao longo do país.

  • Distribuição

    Ocorre por toda a região do Mediterrâneo. Em Portugal, tem mais presença no centro e no sul continental. Existe também no arquipélago dos Açores.

  • Estado de conservação

    Não Preocupante (LC), segundo o IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza)

  • Altura / comprimento

    Atinge até 2 metros de altura.

  • Longevidade

    Persistente.

Como protegemos a espécie?

Por conta dos solos e locais onde floresce, o alecrim é uma espécie naturalmente robusta, uma verdadeira sobrevivente. O único elemento que pede é o sol, de maneira a alimentar-se e crescer. Apesar de não ocorrer naturalmente na Quinta de São Francisco, foi introduzida nos jardins em 2022. Atualmente, foi registado em propriedades geridas pela The Navigator Company, localizadas na região de Vale do Tejo e SW Alentejano.

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