Com o aproximar do fim do inverno, as temperaturas baixas são as primeiras a abandonar-nos, mas para evitar uma total descaracterização da estação, a chuva e o cinzento que embrenha o céu batem o pé. Os primeiros vestígios de primavera tocam à campainha e, rapidamente, saem para a natureza pequenas plantas que fazem do seu florescimento um anúncio público do chegar da nova estação – qual ardina, qual quê.
A campainha-amarela (Narcissus bulbocodium) é uma dessas plantas apressadas que não espera pelo equinócio de março para despertar e colorir de amarelo as nossas florestas, campos, jardins ou quintais. Apesar de pequena, tem a força para desafiar a colossal monotonia tonal que ao inverno é inerente.
Pertence à família Amaryllidaceae, sendo “prima” de espécies, por todos, conhecidas devido ao seu avultado valor de cariz condimentar, medicinal ou ornamental, como o alho ou o cebolinho.
As espécies da família Amaryllidaceae são herbáceas perenes que apresentam um só cotilédone – folha embrionária que irrompe durante a germinação da semente. Caracterizam-se pelo seu desenvolvimento a partir de um caule subterrâneo, de forma arredondada, se a planta for bolbosa ou com uma estrutura vegetal de crescimento horizontal, no caso de ser rizomatosa.
Bolbos e rizomas cumprem funções de reserva que permitem às plantas a possibilidade de se manterem “adormecidas” durante épocas agrestes ao seu desenvolvimento. As plantas acordam do seu “sono” assim que as condições ambientais o permitam, normalmente, no outono, dando um rápido começo ao seu processo de renovação. As primeiras folhas surgem, ainda, durante o outono, já o seu florescimento tende a acontecer no inverno, a partir de fevereiro.