Entre as pedras e a aridez dos campos mediterrânicos, ergue-se todos os anos um sinal de resistência e beleza. Com as suas hastes floridas e elegantes, a abrótea-de-verão (Asphodelus aestivus) é muito mais do que um ornamento natural. Esconde histórias, funções ecológicas e adaptações notáveis.
Desde o litoral às zonas serranas, a abrótea-de-verão é presença habitual nas paisagens mediterrânicas de Portugal. Prefere terrenos bem drenados, geralmente calcários ou arenosos, e suporta desde zonas de baixa altitude até cerca de 1 200 metros.
Ocorre sobretudo em clareiras de matos, prados ralos e terrenos incultos, onde a competição por água e nutrientes é reduzida. Contudo, está perfeitamente adaptada aos verões quentes e secos, mostrando-se uma verdadeira estratega tolerante ao stress ambiental.
O segredo da sua resistência está nos rizomas tuberosos – estruturas subterrâneas que acumulam reservas de amido que permitem à planta entrar em dormência e sobreviver nos meses sem chuva. Estes tubérculos funcionam como uma estrutura reguladora, permitindo que a planta ajuste a produção de flores e frutos ao ritmo das estações no clima mediterrâneo. Este estratagema pode ajudar a explicar a sua vasta distribuição em todo o Sudeste da Península Ibérica.