A murta (Myrtus communis) é um arbusto icónico de Portugal, presente em muitos jardins e paisagens naturais do país. Originária do Mediterrâneo, esta planta encanta pela sua beleza e pelas suas múltiplas utilizações. Tudo o que compõe a murta tem utilização, do caule às flores, aos frutos e aos ramos, cada um pode ter um destino diferente.
Arbusto perene pertencente à família das Mirtáceas (a mesma família à qual pertence o eucalipto), a murta destaca-se pela sua folhagem verde-escura oval e pelo seu aroma característico, semelhante ao da flor da laranjeira, quando esmagada. As suas flores de cor esbranquiçada, que surgem na primavera e no verão, dão origem a pequenas bagas de cor azul-escuro, ligeiramente carnudas e comestíveis, sendo muito parecidas com os mirtilos (Vaccinium myrtillus, uma planta da família Ericaceae).
A murta é valorizada, do mesmo modo, pelas suas propriedades medicinais. Segundo a tradição popular, as folhas e os frutos têm propriedades antissépticas, expetorantes e diuréticas, sendo utilizados em infusões para tratar problemas respiratórios, digestivos e até mesmo para melhorar a circulação sanguínea.
Além da utilidade para a medicina, a murta possui características que lhe conferem uso alimentar e condimentar – flores e folhas, verdes ou secas, podem ser incluídas na confeção de inúmeros pratos e grelhados e as bagas são, frequentemente, usadas no fabrico de licores. Do ponto de vista ornamental é muito requisitada em arranjos de coroas e ramos de noivas. Dita a tradição popular que simboliza a paz e o amor.
Existem ainda alguns estudos que revelam os benefícios biológicos do óleo essencial da murta. Para além da sua utilização em aromaterapia, o óleo contém, por exemplo, propriedades antibacterianas comprovadas através de uma extensa investigação de 2010.
Além disso, a murta possui um valor simbólico que vem desde a Antiguidade e passa pela cultura portuguesa. Entre os Gregos e os Romanos, a murta era lendária. Em Portugal, é frequentemente associada a tradições religiosas. Também é comum encontrá-la em jardins de mosteiros e conventos, onde era cultivada pelos monges devido às suas propriedades medicinais e aromáticas.
No contexto da biodiversidade nacional, a murta desempenha um papel importante como habitat e alimento para diversas espécies de aves, insetos e outros animais. O néctar das suas flores, muito usado na produção de mel, alimenta inúmeros insetos polinizadores como as abelhas, que retribuem disseminando o pólen. As bagas são uma importante fonte de alimento para algumas aves durante o inverno – altura do ano em que mais escasseia – contribuindo para a manutenção do equilíbrio dos ecossistemas.
A murta é muito mais do que um simples arbusto. É um símbolo da diversidade natural de Portugal, com uma história rica em significado histórico e cultural e uma importância vital para os ecossistemas onde se encontra presente.