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Camélia, paisagista do inverno

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A camélia, cientificamente conhecida como Camellia japonica, é de origem japonesa, mas distribui-se naturalmente por outras zonas da Ásia como a China e a Coreia. É uma entre as mais de 200 espécies pertencentes ao género Camellia, da grande família Theaceae, onde também se pode encontrar o chá (C. sinensis).

O inverno – estação fria, escura e desolada – é conhecido pela austera paleta de cores que penumbra os campos, lagos e cidades.

Mas, para contrastar o habitual jogo de sombras desta época, a natureza equilibra o mau tempo com pequenos toques de vivacidade e alegria, perfeitos para levantar os ânimos e relembrar que a primavera caminha na nossa direção.

Neste quadro invernoso, surgem triunfalmente na tela branca pontos rosa, brancos e vermelhos. São as camélias, arbustos ou pequenas árvores perenes verde-escuras, encabeçadas por flores expressivas e estrelares, assemelhando-se a belos fogos de artifício.

Vão contra o relógio de hibernação, preferindo, sobretudo, habitar os campos e jardins privados durante o inverno, confortáveis com temperaturas baixas. Esta espécie ramifica-se numa série de nomes, sendo conhecida em Portugal como camélia, cameleira ou japoneira.

A meio sol, de solo em solo

Esta espécie bastante “viajada” foi trazida para Portugal durante a década de 1550. Atualmente, podemos encontrá-la espalhada ao longo da Europa e Ásia, plantando vida em vários tipos de habitat com solos arenosos, ácidos, férteis e abundantes em matéria orgânica. Prefere luz não direta ou em meia sombra e adora tanto a vista à beira-mar como a vista sobre a montanha.

Podem alcançar até dez metros, apresentam uma copa circular com vários ramos e um tronco fino sem espinhos. A folhagem é densa, composta de folhas simples – ovadas ou elípticas com quatro a dez centímetros de comprimento. As flores são hermafroditas, solitárias ou formadas aos pares com diferentes dimensões, específicas a cada género da família, entre três a doze centímetros.

A estrutura floral varia consideravelmente, apresentando sempre um cálice caduco composto por cerca de nove sépalas imbricadas ou brácteas. A corola tem entre seis a sete pétalas ovadas e redondas com um complexo preenchimento de cores.

O fruto da flor é uma cápsula em forma de globo, com quatro a cinco centímetros, aberto por três a cinco valvas, e com três a seis de sementes grandes e arredondadas.

A implantação do amor e do progresso

A camélia, planta floreada e fluente, espalhou-se ao longo da história de terreno em terreno. A sua existência naturalmente variada e “aventureira” culminou no encabeçar simbólico de novos caminhos e ideais.

No Brasil, por exemplo, foi o símbolo da Confederação Abolicionista de 1883 no Rio de Janeiro. Este movimento antiescravagista aconteceu numa região Quilombo, local onde plantavam variados tipos de camélias e escondiam escravos foragidos dos seus agentes opressores.

Existe também nuance nas diversas cores da camélia e cada tom tinge o nosso dia a dia de diferentes emoções. A flor branca simboliza adoração e estima. A cor-de-rosa desejo e saudade e a vermelha amor, paixão e desejo profundo.

Sabia que…

  • O nome camélia é uma referência ao missionário e botânico checo Georg Joseph Kamel que introduziu a flor na Europa? O nome científico japonica honra as origens asiáticas;
  • No Japão, a camélia é conhecida como flor Tsubaki;
  • Até há data existem mais de 2 mil cultivares de camélias;
  • A camélia é uma fervorosa representante do amor profundo e da paixão, razão pela qual Alexandre Dumas Filho a eternizou no romance “A Dama das Camélias”, em 1848;
  • É utilizada em chás e infusões pelas propriedades medicinais que contém;
  • A partir da camélia criava-se o elixir de geisha, poderoso óleo que nutria intensamente a pele;
  • Portugal foi o primeiro país europeu a plantar camélias.
  • Camélia

    Camellia Japonica

  • Planta – Arbusto / Árvore Pequena

  • Classe

    Dicotiledóneas – Magnoliopsida

  • Família

    Theaceae

  • Habitat

    Subsiste em solos húmidos, arenosos, ácidos e férteis com grandes quantidades de matéria orgânica. Vive em climas temperados e subtropicais. A luz, prefere-a indireta, tomando largo partido de locais com sombra. Habita confortavelmente espaços à beira-mar ou montanhosos.

  • Distribuição

    Habita largos espaços da Europa (sobretudo em parques e jardins, públicos ou privados), Himalaias e Extremo Oriente – Japão, China e Coreia.

  • Estado de Conservação

    Globalmente em estado “LC”, atribuída pela IUCN Red List.

  • Altura / Comprimento

    Cerca de 5 metros / 15 centímetros.

  • Longevidade

    Até 600 anos de existência.

Como protegemos a espécie?

Embora a espécie não se encontre em Portugal em meio florestal, podemos encontrá-la em muitas quintas, jardins e arboretos, sobretudo do século XIX, como é o caso do Centro de Biodiversidade da Quinta de São Francisco, onde pode ocorre nos jardins e junto da vala, fazendo uma corte florida junto da maior espécie do planeta, uma sequoia (Sequoia sempervirens).

Algumas destas plantas são centenárias e possuem dimensões notáveis, sendo mencionadas no livro Arboreto Monumental da Quinta de São Francisco. A maior possui mais de 8,3 metros de altura. A proteção desta espécie não é diferente do restante arboreto, sendo feitas podas fitossanitárias sempre que necessário e controlo das espécies infestantes e invasoras, como as acácias (Acacia spp.).

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