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Carnívoro, mas doce: eis o pinheiro baboso

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Normalmente conhecida por erva-pinheiro-orvalhada ou pinheiro baboso, a Drosophyllum lusitanicum é uma planta carnívora popular por ser a única representante do seu género – Drosophyllum – e da sua família – Drosophyllaceae.

O termo pinheiro, presente na sua designação comum, faz jus ao seu aspeto aquando da sua “infância”. Em pequena, a planta assemelha-se a pequenos pinheiros. Com o seu crescimento, dá-se uma secura das folhas que vão ficando presas ao tronco enquanto a planta cresce em altura. Acaba, mais tarde, por se assemelhar a um pequeno arbusto.

Um dos aspetos mais distintivos desta planta é o facto de ser carnívora. A erva-pinheiro-orvalhada alimenta-se de pequenos insetos que ficam “colados” à sua cobertura de cutículas pegajosas. Esta cobertura cria um odor adocicado ao longo das suas folhas, fulcral para a atração dos insetos. 

Posteriormente, dá-se início ao processo de digestão, realizado no exterior da planta através da ação de enzimas digestivas. Este processo pode durar entre 24 horas a 8 dias.

Este método de alimentação proporciona à Drosophyllum lusitanicum os nutrientes necessários à sua sobrevivência, nutrientes esses que, normalmente, estão em falta nos habitats onde se encontra. 

O cardápio da erva-pinheiro-orvalhada tende a conter aranhas e pequenos insetos como moscas, formigas, mosquitos, entre outros. Nem borboletas de pequeno porte estão “a salvo” desta planta de apetite voraz. 

Resiliente, mas sensível

Esta espécie pode ser encontrada naturalmente, apenas em Portugal, Espanha e no Norte de Marrocos. Não obstante, é em Portugal que se regista uma distribuição mais representativa, por todo o território nacional. 

Habitualmente, encontra-se em ambientes agrestes, tais como locais arenosos e/ou secos, como clareiras de matos (urzais), charnecas e pinhais. A sua sobrevivência deve-se ao seu método de alimentação e ao comprimento avultado das raízes, que apresentam grandes ramificações. Contudo, apesar de resiliente, a erva-pinheiro-orvalhada é muito sensível no que diz respeito à sua raiz. Qualquer tipo de perturbação pode ser letal.

O florescimento, durante a Primavera, origina flores de uma cor amarela viva que, na sua terminação, apresentam uma cápsula aberta que pode conter até cerca de 10 sementes pretas no seu interior.

O pinheiro baboso, segundo os critérios IUCN, é classificado como vulnerável, no que toca a risco de extinção em Portugal Continental.

A avaliação deriva do facto de se estimar que a população nacional desta planta carnívora não ultrapasse os 2500 indivíduos, sendo que o número populacional se encontra numa fase de declínio continuado.

Existem cerca de 600 espécies de plantas carnívoras em todo mundo, estando classificadas em 14 géneros diferentes. Em Portugal, é uma das 8 plantas carnívoras autóctones.

Sabia que…

– Para além do pinheiro-baboso, já foram identificadas, em Portugal, sete outras espécies de plantas carnívora. São elas a Drosera intermediaDrosera rotundifoliaUtricularia subulataUtricularia gibbaUtricularia australisPinguicula vulgaris e Pinguicula lusitanica.

– O pinheiro baboso já integrava a flora portuguesa desde os tempos do célebre Lineu, um botânico de renome que viveu durante o século XVIII e que ficou conhecido devido ao desenvolvimento da base do sistema de classificação moderna de organismos vivos.

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  • Pinheiro Baboso

    Drosophyllum lusitanicum

  • Planta

  • Género

    Drosophyllum

  • Família

    Drosophyllaceae

  • Habitat

    Pode ser encontrada em locais agrestes, com solos pobres, pedregosos ou arenosos, normalmente secos. Evidenciam-se locais como clareiras de matos (urzais), pinhais, charnecas, bosques poucos densos, etc.

  • Distribuição

    Ocorre em Portugal, Espanha e no Norte de Marrocos.

  • Estado de Conservação

    Segundo os critérios IUCN, Vulnerável.

  • Altura / comprimento

    Pode atingir até 45 cm de altura

  • Longevidade

    Perene

Como protegemos a espécie?

Ao longo dos 112.000 hectares de florestas que a The Navigator Company gere, foram identificados cinco núcleos de pinheiro baboso, presentes em cinco propriedades diferentes.

As propriedades, onde constam estes núcleos da planta carnívora, estão localizadas no sudoeste alentejano e na zona da charneca do Tejo.

Pontualmente, visando a fomentação de clareiras necessárias à sobrevivência da espécie classificada como “Vulnerável”, são efetuados, de forma estratégica, cortes de vegetação. A idoneidade do habitat das nossas espécies é uma prioridade para nós.

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