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Coruja-do-mato: a sábia da floresta

A coruja símbolo de sabedoria e conhecimento, um animal que ocupa um lugar especial no imaginrio humano. um símbolo que nos inspira a abrir horizontes, como quem dobra a lombada de um livro, e a viajar para novos mundos e ideias. Entre as várias espécies existentes, a coruja-do-mato (Strix aluco) uma das mais emblemáticas.

“Houu huu huu” ouvimos de súbito, indetetável e misterioso por entre a escuridão. Este chamamento tão característico é composto por vocalizações graves e repetitivas que desempenham um papel importante na comunicação da coruja-do-mato (Strix aluco), nomeadamente na defesa do território e na atração de parceiros.

Pertence à família dos estrigídeos, é uma ave de rapina noturna de porte médio, podendo ser avistada na Ásia, Europa e África. É uma criatura sedentária, ou seja, não migratória, e com presença assídua em diversos espaços: cidades, jardins, florestas e matas. Alimenta-se de uma série de pequenos roedores, aves, répteis, anfíbios e tem especial apetite pelo menu de escaravelhos.

Uma ave de porte robusto

A Strix aluco mede entre 37 a 43 cm e possui asas que rondam entre os 81 e 96 cm, capazes de realizarem um voo plano e direto. O disco facial é homogéneo, revestido de padrões com tonalidades escuras e secas, quer ruivo quer castanho. A plumagem densa e adaptada à camuflagem, reveste-lhe o corpo inteiro, oscilando entre o ruivo e o cinzento acastanhado, repleta de manchas enegrecidas que contribuem para o disfarce em ambientes arborizados. O dimorfismo sexual não é acentuado, embora as fêmeas sejam ligeiramente mais pesadas: os machos pesam entre 350 a 530 gramas e as fêmeas entre 365 a 575 gramas.

A vida familiar plana entre o calmo e o extremamente protetor. Nidifica habitualmente em cavidades de árvores, podendo também utilizar edifícios e coloca entre dois a quatro ovos. À semelhança das mães galinhas, a fêmea defende as crias com ferocidade. O voo é veloz e muitas vezes indetetável e pode atacar humanos distraídos e cheios de boas intenções que querem ajudar uma cria caída da árvore. Contudo, é importante notar que estas jovens aves possuem capacidade para regressar sozinhas ao ninho. Tal como o grifo, outra ave de rapina portuguesa, a coruja apresenta adaptações morfológicas e comportamentais específicas para a caça e defesa do território.

A coruja-do-mato demonstra também comportamentos defensivos vigorosos. Pode utilizar as garras para desferir ataques dirigidos à cabeça de potenciais ameaças, pelo que é recomendada cautela ao aproximar-se de ninhos ou juvenis.

A vigilante da floresta

As tendências noctívagas da coruja-do-mato não são causadas por insónias. É-lhe simplesmente mais confortável realizar grande parte das atividades durante a noite. Tem o talento de observar os espaços envolventes com uma visão extraordinária, apurada e extremamente pormenorizada. A retina tem 56,000 bastonetes por milímetro quadrado, o que lhe possibilita avistar qualquer presa a poucos metros de distância com pouca luz.

Bibliotecárias da floresta

Ao contrário do estereótipo do “rato de biblioteca”, de óculos e visão cansada, a coruja apresenta capacidades visuais notáveis, como já referimos. A sua visão panorâmica permite-lhe observar e “caçar” metaforicamente qualquer tema ou matéria, independentemente da hora do dia, da noite, das condições de luz ou do clima.

Na Grécia Antiga, a noite era entendida como o cenário ideal para o pensamento filosófico e a introspeção. Por isso, Atena, deusa da guerra e da sabedoria, era frequentemente representada acompanhada por uma coruja, símbolo do seu domínio intelectual.

Já os romanos, por sua vez, viam a espécie de forma mais pragmática e sombria. Estariam certamente conscientes da agressividade com que as corujas defendem as crias, por isso  alimentaram narrativas de aviso em todo o império. Para os descendentes de Rómulo e Remo, a presença de uma coruja era sinal de mau presságio, e o seu canto noturno, “houu huu”, era interpretado como prenúncio de morte.

Sabia que…

  • A coruja-do-mato exibe uma natureza “stealth” principalmente através do seu voo rápido, deslizante e muito silencioso, que permite lanar-se sobre a presa sem ser detetada, e pela sua incrvel audio, conseguida graas aos seus orifcios auriculares posicionados de forma assimétrica e a disposição das penas na cabeça, que lhe permitem localizar presas com grande precisão.
  • O canto do macho dos sons mais famosos da natureza selvagem. O clássico som da coruja macho imitado por milhares de aficionados das aves. Já as fêmeas emitem um som agudo mais distinto, muitas vezes num dueto com os machos.
  • O som desta espécie foi gravado pelo ornitólogo inglês Magnus Robb, especialista em gravaes do canto de aves.
  • Num dos dialetos nrdicos ancestrais, esta coruja era conhecida como ugla, palavra que no s emulava o som que produzia como, eventualmente daria origem ao termos ugly – feio.
  • ANIMAL

    Ave

  • Aves

    Strix

  • GÉNERO

    Strigidae

  • HABITAT

    Florestas, Jardins, Matas e Cidades.

  • HABITAT

    Nidifica sobretudo em cidades e vilas, aproveitando o espaço sob as telhas, fendas e cavidades de edifícios. Mais raramente, instala-se em zonas florestais, penhascos ou até em cavidades escavadas por pica-paus.

  • DISTRIBUIÇÃO

    A espécie está presente na Europa, Ásia e África, reproduzindo-se no Hemisfério Norte e migrando para África durante o inverno. Em Portugal, distribui-se por todo o território continental, sendo mais comum na região norte do país.

  • ALTURA / COMPRIMENTO

    Entre 37-43 cm.

  • LONGEVIDADE

    Pode atingir até 17 cm de comprimento e 42 cm de envergadura

Como protegemos a espécie?

Nas propriedades geridas pela The Navigator Company, esta espécie é encontrada maioritariamente no centro e sul de Portugal. Na Quinta de São Francisco, por exemplo, encontra excelentes condições para caçar e nidificar (as arvores centenárias possuem muitas cavidades para fazer ninhos).

Para a proteger, são definidas zonas com interesse para a conservação que são geridas de forma a manter ou melhorar os habitats que proporcionam condições de alimentação, refúgio e reprodução, podendo funcionar como corredores ecológicos para facilitar a dispersão natural das espécies e o intercâmbio genético entre populações.

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