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Erva-de-são-roberto: o poder curativo da natureza

Bico-de-grou, bico-de-grou-robertino ou simplesmente pássara: eis algumas das denominações atribuídas à planta mais comummente conhecida por erva-de-são-roberto (Geranium robertianum).

Trata-se de uma herbácea com curta esperança média de vida que completa o seu ciclo vegetativo em um ou, por vezes, em dois anos. A erva-de-são-roberto (Geranium robertianum) apresenta ao longo do seu corpo uma ligeira pilosidade que lhe confere uma textura delicadamente áspera.

De caules vermelhos e delgados, esta planta pode crescer de forma prostrada ou ereta, atingindo, em média, 10 a 50 centímetros de altura. Quando amassados, os caules e folhas libertam um forte odor característico, capaz de repelir mosquitos.

Pertencente à família Geraniaceae, a erva-de-são-roberto apresenta folhas triangulares, profundamente recortadas, que podem assemelhar-se a uma mão aberta (palmatissectas) ou a uma pena (pinatipartidas).

A floração decorre entre abril e julho, dando origem a pequenos grupos de flores dispostos em cimeiras, estruturas em que a flor central se abre primeiro. Cada flor possui uma corola com cinco pétalas mais largas na extremidade do que na base (obovadas), de tonalidade rosada e viva. O androceu, parte masculina da flor, é constituído por dez estames, os filamentos que produzem o pólen, ligeiramente unidos na base e dispostos em duas séries. O cálice, que envolve e protege a flor antes da abertura, é formado por cinco sépalas em forma de lança (lanceoladas), lisas e separadas entre si.

Os frutos surgem uma vez por ano (monocárpicos), podendo apresentar um cordão saliente longitudinal bem visível. As sementes são dispersas através de um mecanismo ativo de “lançamento”, aderindo com facilidade a animais, roupas ou calçado, o que garante uma dispersão eficiente e abrangente.

Pelos caminhos de Portugal, uma aspirina natural

Autóctone de Portugal Continental e do arquipélago da Madeira, a erva-de-são-roberto ocorre por todo o país, nomeadamente na Quinta de São Francisco, uma das propriedades gerida pela The Navigator Company. Comum em terrenos baldios, sebes, muros e locais sombrios, mostra-se altamente adaptável, podendo crescer tanto sob sombreamento parcial como em pleno sol, em solos férteis ou pedregosos.

Fora das suas áreas nativas, pode “naturalizar-se” com facilidade, apesar de, em certos contextos, se comportar como espécie invasora ou daninha.

Esta herbácea possui numerosas propriedades medicinais. Rica em taninos, apresenta ações tónica e adstringentes. O seu uso é recomendado em casos de diarreia, gastrite e enterite. O seu ligeiro efeito diurético contribui, também, para o controlo da hipertensão.

Em uso externo, aplica-se sob a forma de cataplasma no tratamento de gengivites, amigdalites e dores de garganta. É ainda utilizada como hipoglicemiante, auxiliando no controlo da diabetes.

Sabia que…

  • O nome do género, Geranium, deriva do grego geranos, que significa “grou”, pela semelhança do fruto com o bico desta ave. Já o epíteto robertianum poderá provir de rupertianum, em alusão a São Roberto, ou a ruber, vermelho, pela coloração da planta;
  • Desde a Idade Média, que a erva-de-são-roberto tem sido usada em rituais de magia. Os índios norte-americanos, por exemplo, empregavam-na para estancar hemorragias, e era conhecida como purificadora do sangue.
  • No seu estado natural, as suas folhas podem ser incorporadas em pratos culinários, desde simples omeletes até receitas de peixe.
  • PLANTA

  • GÉNERO

    Geranium

  • FAMÍLIA

    Geraniaceae

  • HABITAT

    Em Portugal, ocorre de forma espontânea em solos perturbados, bermas de caminhos, muros, sebes, orlas de bosques e pinhais, dunas e rochedos.

  • DISTRIBUIÇÃO

    Pode ser avistada ao longo do continente europeu, na Ásia e pelo norte de África. Em Portugal, encontra-se um pouco por todo o território continental e pelo arquipélago da Madeira.

  • ESTADO DE CONSERVAÇÃO

    Esta espécie não se encontra avaliada.

  • ALTURA / COMPRIMENTO

    Entre 10 e 50 centímetros.

  • LONGEVIDADE

    Anual, por vezes, bienal.

Como protegemos a espécie?

São definidas zonas com interesse para a conservação desta erva que são geridas de forma a manter ou melhorar os habitats que proporcionam condições de alimentação, refúgio e reprodução, podendo funcionar como corredores ecológicos para facilitar a dispersão natural das espécies e o intercâmbio genético entre populações.

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