Biogaleria

Plantas

Uma anémona que prefere a terra

Temas:

Anemone trifolia subsp. albida (segundo alguns autores Anemonoides trifolia subsp. albida), comummente, apelidada de anémona-dos-bosques é uma subespécie da Anemone trifolia. Pertencente à família Ranunculaceae, é endémica da Península Ibérica, e pode ser encontrada, em Portugal, nas regiões do Minho, no Litoral do Douro, nas Beiras e em Trás-os-Montes. 

A anémona-dos-bosques é uma planta herbácea perene, frequentemente encontrada em florestas caducifólias (com árvores de folha caduca), onde cobre o chão com as suas flores brancas no final do inverno e inicio da primavera. Escolhe como habitats terrenos montanhosos, húmidos e pouco iluminados, como bosques de carvalhos e castanheiros e orlas de matagais.

A planta apresenta um rizoma (caule subterrâneo) horizontal e delgado de onde advêm caules aéreos frágeis que podem atingir até 20 centímetros de comprimento. As suas folhas pecioladas e de cor esverdeada, são extremamente resistentes durante os períodos da primavera e verão. Tal como as do trevo, as folhas da anémona-dos-bosques são trifoliadas (ou seja, providas de 3 folíolos).

Símbolo de renascimento e esperança

A anémona-dos-bosque é uma das primeiras a desabrochar, ocasionalmente, ainda no final do inverno, muitas vezes antes que as folhas das árvores se abram completamente, aproveitando a luz solar disponível no chão da floresta. Esta floração precoce, que ocorre entre fevereiro e abril, desempenha um papel importante nos ecossistemas onde ocorre. As suas flores fornecem uma fonte de alimento para várias espécies de insetos, incluindo borboletas e abelhas, no início da primavera, quando poucas outras plantas ainda estão florescendo. Em algumas culturas, é, por isso, símbolo de renascimento e esperança.

Com cinco a oito pétalas, as flores exibem uma coloração branca ou azul, estando, por norma, localizadas, solitariamente, no topo da haste floral. O frutos, oriundos das suas flores, são poliaquénios não fundidos, em que cada aquénio, é uma pequena estrutura seca que não se abre para libertar sementes. Contudo, é coberto por uma pilosidade sedosa, que facilita a adesão aos pelos dos animais, permitindo que as sementes sejam dispersas a uma certa distância da planta mãe. Este processo é essencial para a colonização de novas áreas e manutenção das populações da espécie em florestas e outros habitats sombrios.

Geralmente, no outono, as partes aéreas da anémona (folhas, caules e flores) morrem, não obstante, a planta sobrevive devido ao seu rizoma, capacitado a armazenar nutrientes que fazem com que a planta rebrote na primavera seguinte. O rizoma é fundamental e permite, à espécie, a possibilidade de se propagar subterraneamente, formando grandes colónias e vivendo durante vários anos. Esta forma de propagação também lhe permite sobreviver e prosperar em solos florestais onde a competição por luz e nutrientes pode ser intensa.

Prefere sombra parcial e completa, escolhendo o sopé dos castanheiros como habitat preferencial de propagação.

À sombra da bananei…, neste caso, do castanheiro

O castanheiro é uma árvore que, em muito, contribui para o abrigo da biodiversidade, ao servir de habitat de diversas espécies de fauna e flora. Localizado, maioritariamente, em locais montanhosos no centro e norte de Portugal, o castanheiro ocorre, por exemplo, em matas e florestas.

Considerada espécie nativa no país, apesar da sua introdução com clara influência humana, é uma árvore alta com grande longevidade: pode ultrapassar os 1000 anos de vida e atingir os 35 metros de altura.

À sombra destes antigos arranha-céus naturais, a anémona-dos-bosque vive e propaga-se de forma consistente e saudável, usufruindo do solo húmido e rico em matéria orgânica.

Sabia que…

– Para além de anémona-dos-bosques, a Anemone trifolia subsp. albida é, vulgarmente, denominada por erva-sanguinária e flor-do-vento.

– As flores das anémonas são ricas em simbolismo, tendo sido associadas a diferentes culturas e mitos, ao longo da história. Na mitologia grega, a anémona vermelha simbolizava a morte. De acordo com a lenda, as flores das anémonas teriam surgido das lágrimas de Afrodite aquando do luto pela morte do seu amor, Adónis, assassinado por um javali selvagem enviado pelo Deus da Guerra, Ares. O sangue de Adónis terá, inclusive, tingido de vermelho as flores brancas das anémonas, dando origem a este mito.

– As anémonas acarretam diferentes significados, tendo em conta a sua cor, origem e contexto. Para além da morte, estão associadas a esta planta aceções de: antecipação, fragilidade, proteção, sinceridade, relaxamento, entre outros.

  • Anémona-dos-bosques

    Anemone trifolia subsp. albida

  • Planta

  • Género

    Anemone

  • Família

    Ranunculaceae

  • Habitat

    Ocorre em locais com elevada humidade e pouca luminosidade, nomeadamente, bosques de carvalhos e orlas de matagais. Também pode habitar em prados.

  • Distribuição

    A planta pode ser encontrada em regiões montanhosas da Europa, mais especificamente no Sul de França, Norte de Itália e na Península Ibérica. Em Portugal, habita as regiões do Minho, Trás-os-Montes, Beiras e o Litoral do Douro.

  • Estado de Conservação

    NA – Não aplicável.

  • Altura / comprimento

    Pode atingir até 20 centímetros de altura.

  • Longevidade

    Perene

Como protegemos a espécie?

Embora não esteja listada como ameaçada, a anémona-dos-bosques é um endemismo ibérico, sensível a mudanças no solo e a perturbações no seu habitat. Assim sendo, funciona como um indicador de ambientes ecologicamente equilibrados.

Para além disso, as anémonas dos bosques desempenham um papel vital nos ecossistemas florestais, dependendo fortemente das condições ecológicas dos mesmos. A conservação de florestas antigas com árvores como os carvalhos ou os castanheiros, seus eternos protetores, e a gestão adequada de áreas florestais são cruciais para a preservação desta espécie.

Temas: