Sem GPS ou bússola incorporada, as aves migratórias repetem, ano após ano, os seus magníficos voos. Buscam países mais quentes onde viver temporariamente durante os meses frios dos seus países de origem. Em Portugal, as espécies encontram nas florestas um dos habitats perfeitos para nidificar. Conheça-as um pouco melhor neste Dia Mundial das Aves Migratórias.
No segundo sábado dos meses de maio e de outubro celebra-se o Dia Mundial das Aves Migratórias, assinalado justamente nas épocas do ano em que estas aves fazem as suas fantásticas viagens. Como conseguem orientar-se ainda não é totalmente sabido, mas começa a levantar-se o véu sobre o que faz acordar o seu “sistema GPS”. E se o “como” levanta ainda algumas dúvidas, o “porquê” é mais evidente: procuram refúgio do frio, das intempéries e do que elas provocam: a falta de alimento.
O comportamento das aves migratórias continua a ser objeto de estudo e de assombro. Um dos temas que mais interesse suscita é perceber como as aves decidem que está na hora de partir. Os especialistas descobrirem que, para partirem, as migradoras aguardam por vários indícios: quando os dias se tornam mais curtos é um ótimo sinal de que é hora de procurar locais mais aprazíveis, mas também foram identificados outros indicadores que espoletam a viagem, tais como sentirem alterações na pressão atmosférica e a diminuição da disponibilidade de alimento.
Devido ao clima ameno, Portugal é um ponto de paragem para muitas aves migratórias que chegam na primavera, nidificam e, já no outono, partem novamente rumo ao seu ponto de origem, geralmente na África subsariana. O território nacional é, por isto, privilegiado para a observação destas aves migratórias durante as duas alturas do ano.
Mas se espécies como a de andorinha, da família Hirundinidae, e a cegonha-preta (Ciconia nigra) que vemos nos céus portugueses a partir de fevereiro e a construir os seus ninhos chegam do norte de África e por cá se reproduzem até chegar o tempo mais fresco, outras chegam do Norte em busca de refúgio. É o exemplo de espécies como o grou (Grus grus), vindo da Eurásia, e do abibe (Vanellus vanellus), vindo do norte da Europa.
Outro dos temas que mais se destaca sempre que se fala em aves migratórias é a distância que estas aves conseguem percorrer até chegar ao seu destino. Uma nova recordista entrou, no início de 2023, no Livro do Guiness: um pequeno fuselo (Limosa lapponica), identificado com o número 234684, uma espécie que pesa, em média, 290 gramas, voou 13 560 quilómetros, quase um terço da circunferência do planeta Terra, sem parar para se alimentar ou descansar. A espantosa viagem começou no Alasca e só terminou no estado australiano da Tasmânia. Foi possível seguir esta viagem graças a um dispositivo de satélite 5G que atesta que o seu voo de longo curso começou a 13 de outubro de 2022 e terminou 11 dias depois.
Também a andorinha-do-mar-ártica, ou garajau-do-ártico, (Sterna paradisaea) costuma aparecer nas manchetes pelos seus longos voos. Com uma extensão de asa de 64 a 76 centímetros, é capaz de voar de um polo ao outro, do Ártico para a Antártica, voando 40 mil quilómetros (o equivalente a pouco menos da circunferência da Terra).