Abrigadas pela sombra das copas, entre a folhagem que se acumula no chão e mesmo em troncos mortos, há mais de 50 espécies de cogumelos na Quinta de São Francisco. Descubra algumas destas maravilhas micológicas, umas venenosas, outras comestíveis e outras ainda de aspeto, no mínimo, peculiar.
A Quinta de São Francisco, nas redondezas de Aveiro, serve de refúgio a inúmeros seres curiosos, incluindo meia centena de espécies de cogumelos silvestres, cada uma com as suas cores, formatos e características únicas.
“Já fotografámos e observámos cerca de 50 espécies. Embora nem todas estejam ainda devidamente identificadas, esta variedade ilustra bem a biodiversidade de macrofungos que aqui existe”, refere João Ezequiel, curador deste importante espaço de conservação da The Navigator Company, que acrescenta: “conhecer e dar a conhecer estas espécies ajuda-nos a sensibilizar para o papel fundamental dos cogumelos nos ecossistemas florestais”.
A maioria dos cogumelos na Quinta de São Francisco pode ser vista após as primeiras chuvas, a partir do outono e durante o inverno, porque é com mais humidade que muitas destas maravilhas micológicas se mostram, “embora permaneçam aqui durante todo o ano, invisíveis aos olhos”.
Tal como os icebergues, a parte visível dos cogumelos é apenas uma pequena fração destes misteriosos organismos. Debaixo do solo, estendem-se finos filamentos (chamados hifas) que formam intrincadas redes (micélio) e podem atingir vários quilómetros (como se de raízes se tratassem). O que observamos sobre o solo são apenas as extremidades reprodutoras destas criaturas: frutificações (estruturas com funções semelhantes às dos frutos das plantas) e fontes dos esporos (células reprodutivas).
Assim, quando observamos aglomerados de cogumelos da mesma espécie, eles estão ligados entre si por esta rede subterrânea e pertencem, frequentemente, ao mesmo organismo. É este o caso dos chamados anéis de fada, misteriosas formações circulares compostas por cogumelos que, na mitologia irlandesa, se acreditava criarem portais mágicos.