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Zambujo reCover: restauro ecológico de sucesso

Recuperar, restaurar e preservar foram os três verbos que alicerçaram o projeto Zambujo reCover na propriedade da Navigator localizada em Idanha-a-Nova, em pleno Parque Natural do Tejo Internacional. A iniciativa promovida pelo grupo em parceria com o instituto RAIZ teve início ainda em 2022 e viu a primeira fase concluída, com sucesso, em dezembro de 2023.

A iniciativa Zambujo reCover foi dedicada à recuperação e preservação de áreas florestais de Quercus rotundifolia (azinheiras) e teve como objetivo principal restaurar habitats naturais e seminaturais, promover a biodiversidade e garantir a sustentabilidade da área a longo prazo.

A área de intervenção cobriu cerca de 110 hectares e as intervenções de fundo no terreno visaram incrementar a resiliência aos efeitos da desertificação, das alterações climáticas e dos incêndios, através do fomento de povoamentos com espécies arbóreas e arbustivas com ecologia adaptada à seca e à aridez, com destaque para a azinheira (Quercus rotundifolia).

Esta primeira fase do Projeto Zambujo reCover foi concluída com sucesso. As atividades incluíram o corte e desvitalização mecânica de eucalipto, a limpeza e preparação do terreno, a plantação de novas árvores (azinheiras), e a monitorização contínua das áreas restauradas.

Foram também desenvolvidas ações experimentais com vista a melhoria da qualidade dos solos e minimização do risco de erosão, que serão posteriormente objeto de estudo para se proceder à identificação de boas práticas. De acordo com Nuno Rico, responsável pela Conservação da Biodiversidade na The Navigator Company, foi analisada “a fertilidade do solo antes e após as operações de instalação de espécies vegetais (árvores ) para determinar quais são as taxas de germinação em áreas suscetíveis à desertificação e realizados alguns testes de reversão do solo, avaliando, por exemplo, o efeito da incorporação de sobrantes de eucalipto no aumento da fertilidade do solo”, explica.

Todas as atividades foram realizadas de forma a não interferirem com os ciclos de reprodução das várias espécies de fauna presentes no Zambujo, nomeadamente, aves protegidas que aqui se refugiam, alimentam e nidificam.

Graças ao empenho das equipas de trabalho e ao apoio da comunidade, todos os objetivos propostos foram alcançados.

Florestas de Quercus rotundifolia: uma riqueza a preservar

Antes do início do projeto, em 2022, já tinham sido identificadas na Herdade do Zambujo mais de uma centena de espécies de flora, nomeadamente de plantas pouco comuns, e de fauna, como o abutre-preto (Aegypius monachus) e a águia- real (Aquila chrysaetos), que se destacam pelo grau de ameaça ou estatuto de conservação.

Por outro lado, foram ainda mapeadas diversas Áreas de Alto Valor de Conservação, pelo facto do Zambujo integrar vários habitats protegidos em bom estado de conservação e por incluir escarpas cobertas de vegetação que proporcionam um importante serviço dos ecossistemas – a retenção do solo. Isto numa área onde também se destacam centenárias construções erguidas por mão humana, de que é exemplo o “Muro Alto” – um dos muros apiários da região destinados a proteger os cortiços da ação predadora de alguns mamíferos e de outros perigos -, diversos monumentos megalíticos, como antas e uma mamoa, e outros achados que permitem descobrir as múltiplas dimensões da agricultura pastoril e da itinerância dos rebanhos ao longo dos séculos.

Impacto e perspetivas futuras

Os resultados da primeira fase são promissores, com sinais claros de recuperação ambiental e aumento da biodiversidade na região. O sucesso desta fase inicial proporciona uma base sólida para futuras ações de conservação e expansão do projeto.

Em suma, o Projeto Zambujo reCover demonstra que é possível através de esforços coordenados e sustentáveis, contribuir para o “Nature Positive “ e metas da lei de restauro da natureza.

Descubra a transformação do Zambujo durante esta primeira fase do projeto neste vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=6EzgGZ3oONw

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