Hábil na água e mais hesitante em terra, este anfíbio prefere os habitats húmidos e sombrios para viver e caçar. Falamos do tritão-marmoreado, presente apenas em partes dos territórios português, espanhol e francês. A coloração do dorso, verde com manchas negras, justifica o seu nome.
De cabeça e corpo achatados, com cauda longa e espalmada lateralmente, o tritão-marmoreado (Triturus marmoratus), ou tritão-marmorado, é um anfíbio que só existe naturalmente em partes de Portugal, Espanha e França, sobretudo em clima temperado. Em Portugal ocorre sobretudo no centro e norte do país, a norte do rio Tejo, ponto a partir do qual predomina outra espécie com a qual tem várias semelhanças, o tritão-marmoreado-pigmeu (Triturus pygmaeus), considerado como sua subespécie até 2001.
O tritão-marmoreado adulto apresenta um dorso áspero, de aspeto granuloso, com uma coloração verde-viva pontuada por manchas escuras e pontos distribuídos pelo corpo. O ventre é claro – branco, creme ou acinzentado. Tal como outros anfíbios, os olhos, na lateral na cabeça, são proeminentes. Os membros são fortes, terminando em quatro dedos longos, nas patas anteriores, e em cinco dedos, nas posteriores. A cauda é longa, do mesmo tamanho do corpo e, por vezes, maior.
A vida do tritão-marmoreado passa-se tanto dentro como fora de água, dependendo da altura do dia e também da altura da vida. Se de dia este ágil nadador prefere manter-se escondido em locais húmidos e pontos de água, sob pedras e folhagem, à noite atreve-se a deambular por áreas mais abertas, em terra firme, embora seja aqui menos desembaraçado.
Na época da reprodução, contudo, cinge-se ao meio aquático – águas paradas ou com correntes fracas, como charcas, fontes, riachos, tanques, pequenos lagos ou rios, envoltos por vegetação densa, com a possível presença de cavidades rochosas onde se pode esconder. O início da reprodução depende das condições meteorológicas e do próprio local de reprodução, mas, geralmente, a época começa com as primeiras chuvas de outono, podendo ser adiada até fevereiro, e estende-se por toda a primavera.
Cada postura é composta por 150 a 400 ovos, que são depositados um a um em folhas de plantas submersas. As pequenas larvas eclodem após alguns dias, alimentando-se de insetos, vermes aquáticos e também de pequenos crustáceos. A duração do estado larval é variável, dependendo da temperatura da água e do alimento disponível. Habitualmente, entre a oito a dez semanas depois começam a respirar através dos pulmões e estão prontas a abandonar o meio aquático. Nesta altura, os juvenis têm cores menos pronunciadas do que as dos adultos, indo do verde-escuro, ao castanho e ao preto.
A sua alimentação inclui lesmas, caracóis, insetos, minhocas, crustáceos de água doce e também larvas de inseto e até de anfíbios. Na água, entre os seus predadores, destacam-se os invasores lagostim-vermelho-do-Louisiana (Procambarus clarkii) e a perca-sol (Lepomis gibbosus), assim como as cegonhas e garças; em terra, cobras e mamíferos carnívoros são alguns dos que dele se alimentam.
Em Portugal, bem como nos outros territórios de onde é natural, o seu estado de conservação é Pouco Preocupante (LC), segundo dados da União Internacional para a Conservação da Natureza. A espécie é protegida pelo anexo III da Convenção de Berna e pelo Anexo B-IV da Diretiva Habitats. Entre as ameaças que enfrenta estão as espécies invasoras aquáticas que dele se alimentam, a poluição da água e a redução de charcos temporários e zonas húmidas que se agudiza em condições de seca.