Pequeno, solitário e irrequieto, o rabirruivo-preto, também conhecido por carvoeiro e pisco-ferreiro, é uma ave de 14 centímetros de comprimento que, como o nome indica, tem penas escuras. A cauda laranja é o que melhor o identifica.
Se vir um pássaro esguio, escuro, com uma irrequieta cauda cor-de-fogo, é muito provável que se trate de um rabirruivo-preto (Phoenicurus ochruros) – apenas um, já que esta espécie não se desloca em bando. Tanto machos como fêmeas têm a cauda “ruiva” e em comum têm ainda o bico preto e patas pretas e finas. Mas há características que os distinguem: o macho, preto-acinzentado, exibe uma mancha alar branca que é, sobretudo visível, na primavera e verão; já as fêmeas são castanhas-acinzentadas e têm a cabeça e dorso mais escuros do que o ventre, tonalidades mais semelhantes aos juvenis.
O rabirruivo-preto fêmea constrói o seu ninho em forma de taça usando ervas secas, folhas e musgo. Escolhe locais protegidos, como fendas de rochas e pedreiras, ruínas e construções rústicas. Em zonas florestadas, como pinhais, encontra, por exemplo, fendas nos troncos de pinheiros-mansos. Terrenos agrícolas, olivais, vinhas, jardins e construções urbanas fazem parte dos muitos tipos de habitat que adotou. São conhecidos casos de ninhos encontrados em grelhas de barbecue, tratores ou regadores.
A época de reprodução, entre fevereiro a meados de agosto, é marcada pelo seu canto, uma balada muito característica, que se inicia ao alvorecer. O canto difere consoante o intuito da comunicação: o rabirruivo-preto vocaliza para estabelecer o seu território ou quando está a construir o ninho, mas também durante a incubação e apenas até ao nascimento das crias. A espécie reproduz-se em terras altas (encostas, escarpas e arbustos) e em baixas (cidades e áreas industriais). A fêmea faz duas a três posturas entre abril e junho, e os seus quatro a seis ovos brancos são incubados por 13 a 17 dias. As pequenas aves voam com 32 a 35 dias de vida.
Apesar de ser insetívoro, o rabirruivo-preto tem uma alimentação variada: exímio caçador, paira ao pé de paredes capturando insetos no ar, mas prefere alimentar-se no solo, de minhocas, aranhas e caracóis, mas no final do verão e princípio do outono também das mais disponíveis sementes e bagas. Outra técnica utilizada para caçar é saltitar no chão, em afloramentos rochosos, muros e telhados.
A espécie distribui-se pelo centro e sul da Europa, norte de África e Ásia. Em Portugal, é presença comum e nidifica sobretudo a norte do rio Tejo. A sul deste rio nidifica pontualmente e pode ser visto em menor número em falésias costeiras e escarpas do norte alentejano.
Protegido pelo anexo II das Convenções de Berna e Bona, tem estatuto de conservação “Pouco preocupante”, tanto em Portugal como no resto do mundo, segundo dados da Lista Vermelha da IUCN – União Internacional para a Conservação da Natureza.