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Beleza e estratégia: eis a Papilio machaon

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A borboleta-cauda-de-andorinha (Papilio machaon) é uma das joias delicadas que enfeitam os céus de Portugal. Com as suas cores vibrantes e as asas alongadas, é um verdadeiro espetáculo da natureza! Venha descobrir as suas particularidades.

Com uma envergadura que pode atingir os 8 centímetros, esta espécie de borboleta destaca-se pelas suas cores vibrantes e pela elegante “cauda” nas asas posteriores, que lhe confere o nome inspirado nas andorinhas.

Distribuída por grande parte da Europa, Ásia e América do Norte, a Papilio machaon é bastante comum em território português, podendo ser avistada desde as zonas costeiras até às áreas montanhosas. Os adultos têm um voo poderoso e são frequentemente observados em prados floridos, jardins e até em áreas urbanas, sempre em busca de néctar para se alimentarem.

De lagarta a borboleta

O ciclo de vida desta borboleta é verdadeiramente fascinante. Tudo começa quando a fêmea deposita os seus ovos em plantas hospedeiras, como a arruda (Ruta sp.) e o funcho (Foeniculum vulgare). Desses ovos nascem pequenas lagartas que, numa fase inicial, apresentam uma coloração escura com uma mancha branca, assemelhando-se a dejetos de aves — a Natureza tem as suas artimanhas para enganar os predadores!

À medida que crescem, as lagartas transformam-se, exibindo um padrão listado em verde, preto e laranja. Quando se sentem ameaçadas, possuem um truque: uma glândula por detrás da cabeça, que se chama osmeterium, que exala um odor desagradável capaz de afastar potenciais predadores. Após atingirem o tamanho ideal, envolvem-se num casulo de seda e entram na fase de crisálida, onde ocorre a metamorfose que dará origem à graciosa borboleta adulta.

Notáveis particularidades

A Papilio machaon é um exemplo clássico de uma espécie polimórfica, apresentando variações genéticas ligeiras, ao nível da coloração, consoante a localização geográfica. Em algumas regiões, podem observar-se subespécies adaptadas a climas e habitats específicos, refletindo a sua capacidade de sobrevivência em diferentes condições ambientais.

O comportamento de acasalamento desta espécie também é digno de nota. Curiosamente os machos praticam o “hill-topping” – espécie de namoro nas alturas. Este comportamento faz com que procurem locais elevados, como colinas ou montes, para maximizar a sua visibilidade e atrair fêmeas. Esta estratégia permite-lhes aumentar as hipóteses de acasalar e consequentemente a sua reprodução.

Durante este período em que o objetivo é a reprodução, as borboletas alimentam-se do néctar das flores, desempenhando um papel importante como polinizadores de diversas plantas, contribuindo para a manutenção da biodiversidade. Depois da cópula, a fêmea põe os ovos numa planta-hospedeira e termina assim o seu ciclo de vida.

Apesar de não estar atualmente em risco, a Papilio machaon enfrenta ameaças derivadas da perda de habitat e do uso excessivo de pesticidas, que afetam tanto as lagartas como as plantas hospedeiras. A preservação de prados naturais e a adoção de práticas agrícolas sustentáveis são essenciais para garantir a continuidade desta espécie emblemática.

Sabia que…

– Mesmo a alimentar-se, esta borboleta não deixa de bater as asas.

– A sua beleza e elegância tornaram-na uma inspiração para artistas e cientistas ao longo dos séculos, sendo uma das borboletas mais estudadas na entomologia.

– As lagartas alimentam-se principalmente de plantas muito aromáticas, o que lhes conferem um sabor desagradável para os predadores.

– Apesar da sua aparência delicada, esta borboleta é uma exímia voadora. Consegue atingir velocidades consideráveis, percorre dezenas de quilómetros e faz manobras rápidas para escapar a predadores.

– É uma das maiores borboletas diurnas do continente europeu, chegando as fêmeas a atingir 10 cm. Um olhar menos atento, poderá confundi-la com a borboleta-zebra (Iphiclides feisthamelii), que possui dimensões e padrão algo similar.

  • Borboleta-cauda-de-andorinha

    Papilio machaon

  • Inseto

  • Género

    Papilio

  • Família

    Papilionidae

  • Habitat

    Prefere habitats ricos em flores, especialmente onde abundam plantas da família das umbelíferas (Apiaceae), que servem de alimento para as suas lagartas. É comum encontrá-la em prados e encostas cobertas de flores, nas margens de campos agrícolas, ao longo de caminhos, em terrenos não cultivados, baldios, parques e jardins, podendo viver até altitudes de 1200 metros. Para a postura dos ovos, seleciona principalmente o funcho (Foeniculum vulgare) e a arruda (Ruta graveolens.), que são as suas plantas hospedeiras de eleição.

  • Distribuição

    Encontra-se em grande parte da Europa, Ásia e América do Norte. É uma espécie comum em Portugal continental, dispersa por todo o território nacional.

  • Estado de Conservação

    Estatuto de Conservação: LC – Pouco Preocupante

  • Altura / comprimento

    8 cm de envergadura

  • Longevidade

    É um espécie trivoltina (três gerações anuais)

Como protegemos a espécie

A Papilio machaon já foi identificada de norte a sul do país e é uma das espécies presentes na Herdade de Espirra e na Quinta de São Francisco, ambas propriedades da The Navigator Company, promotora do projeto Biodiversidade.com.pt. Na Herdade de Espirra, esta borboleta é frequentemente avistada na área onde foram semeadas plantas destinadas a fomentar o desenvolvimento dos polinizadores.

A Navigator preserva zonas de interesse para a conservação, onde limita o uso de produtos fitofarmacêuticos e restringe as atividades de controlo de matos na primavera. Estas medidas visam, entre outros objetivos, garantir a manutenção de espécies essenciais para a alimentação, abrigo e reprodução da fauna durante este período crucial.

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