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Cedro-do-buçaco: a espécie que partilha o nome com uma Mata Nacional

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Originária do México, a espécie Cupressus lusitanica tem a particularidade de ser chamada de cedro-do-buçaco, mas também de cipestre-do-buçaco. Já a designação lusitanica deriva da sua classificação inicial ter sido feita em Portugal. Dúvidas à parte, a sua presença em Portugal é bastante proeminente, ou não fosse o ex-líbris da Mata Nacional do Bussaco, na região de Coimbra.

É natural que o tema do nome desta árvore provoque alguma confusão, mas existe uma (ou mais do que uma) razão. Tudo começa, talvez, pela mão dos carmelitas, que julgavam que a espécie pertenceria à família dos cedros, pois recordavam os cedros do Líbano (Cedrus libani), mencionados na Bíblia, da família dos Pinaceae.

A confusão continua em pleno século XVII, quando o botânico francês Joseph Pitton de Tournefort classificou esta espécie como autóctone, em 1689, mais propriamente como sendo proveniente da Serra do Buçaco. O lapso surgiu porque o fez a partir de exemplares provenientes do nosso país, onde haviam sido introduzidos no início do século XVII, daí a designação Cupressus lusitanica. Contudo, enquanto espécie, trata-se efetivamente de um cipestre (Cupressus), da famiília Cupressaceae e é originária da América Central (México, Guatemala e Costa Rica).

Em Portugal, o cedro-do-buçaco tem encontrado condições ecológicas excecionais, pelo que é facilmente encontrado em locais como a Mata do Buçaco (Bussaco é outras das grafias utilizadas) e até mesmo na Quinta de São Francisco, propriedade gerida pela The Navigator Company.

De copa piramidal, tronco cilíndrico e casca acastanhada, esta árvore consegue atingir os 30 metros de altura. De folhagem persistente, apresenta folhas escamiformes, com ápice aguçado, verdes ou glaucas. Já os ramos são divergentes e um pouco pendentes nas extremidades. Quanto à época de “floração”, esta ocorre desde janeiro a abril, e o fruto (gálbula) tem entre 10 a 15 mm e pode conter até 75 sementes, providas de uma pequena asa.

Sabia que…

Pensa-se que a palavra Bussaco derive da expressão “bosque sagrado”, traduzindo a ligação religiosa deste bosque ao Homem. A mata chegou, então, primeiro que a espécie, que herdou depois o nome do local e a designação dada pelos carmelitas descalços que encontravam aqui um local para viver.

Entre os exemplares presentes na Mata do Buçaco (onde existem cerca de 250 espécies de árvores, exóticas e indígenas) e do Parque da Pena e Monserrate, em Sintra, além de outros locais, o cedro-do-buçaco é a espécie de Cupressus mais difundida em Portugal.

(fonte: https://jb.utad.pt/especie/Cupressus_lusitanica)

O cedro-do-buçaco é uma espécie de Cupressus, género onde se podem encontrar algumas espécies presentes em Portugal, como o cipestre-dos-cemitérios (C. sempervirens) ou o cipestre-de-monterey (C. macrocarpa).

Na família botânica desta espécie, Cupressaceae, podemos encontrar plantas conhecidas como os zimbros (Juniperus spp.), sequoias (Sequoia sempervirens), criptomérias (Cryptomeria japónica) ou tuias (Thuja spp.), entre muitas outras.

No Príncipe Real, existe um exemplar com 150 anos, sete metros de altura e uma configuração invulgar. Graças à sua longevidade, porte, importância histórica e enquadramento paisagístico, tornou-se a primeira árvore em Lisboa classificada como Arvoredo com Interesse Público desde 1940, pelo ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas.

Por ser de rápido crescimento, o cedro-do-buçaco está vocacionado para a produção de lenha de boa qualidade, sendo a madeira utilizada para a construção de mobiliário, peças de carpintaria, entre outras. Numa vertente ornamental, é usada na proteção em sebes vivas e cortinas de abrigo contra o vento, enquanto nas estações mais quentes possibilita o ensombramento do solo pela ramificação abundante, reduzindo o desenvolvimento de matos heliófilos.

Para podermos conhecer estas magníficas árvores, há todo um trabalho de mapeamento e georreferenciação a decorrer neste início de 2023, com a ajuda de um sensor LiDAR (Light Detection and Ranging).

  • Cedro-do-Buçaco

    Cupressus lusitanica

  • Planta

  • Nomes Comuns

    Cedro-do-buçaco, cedro-de-goa, cipestre-do-buçaco

  • Género:

    Cupressus

  • Família:

    Cupressaceae

  • Estatuto de conservação:

    Pouco preocupante

  • Habitat:

    Matos e zonas montanhosas

  • Origem

    Espécie alóctone, proveniente do México e Guatemala

  • Distribuição:

    América do Norte e Sul da Europa

  • Tamanho:

    20 a 30 metros de altura

  • Utilização:

    Ornamental e para produção de madeira

Como cuidamos desta espécie?

No arboreto da Quinta de São Francisco, um hotspot de biodiversidade localizado na zona de Aveiro, existem centenas de árvores de porte excecional distribuídas por 14 hectares e conservadas sob proteção da Navigator, onde se inclui a espécie Cupressus lusitanica, todas mencionadas no livro Árvores Monumentais de Portugal, de Ernesto Goes de 1984. Entre estes existem dois exemplares monumentais com 35,3 e 33 m de altura, respetivamente.

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