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Lontra europeia

Apesar de ser uma espécie comum em todo o território nacional, nem sempre é fácil observar a lontra europeia. O facto de ser uma espécie de hábitos noturnos e das suas tocas terem entradas frequentemente submersas, torna difícil o seu avistamento.

É na água que a Lutra lutra, conhecida como lontra europeia, passa grande parte da sua vida. Exímia nadadora e mergulhadora, permanece grande parte do tempo em rios, lagos, ribeiras, canais, sapais, pequenas albufeiras, estuários ou mesmo em ambientes de água salgada. De tal forma que vai a terra apenas o tempo necessário para descansar e reproduzir-se.

A água é, assim, um ponto-chave dos habitats destes mamíferos, mas existem outros denominadores comuns aos ambientes que lhes são mais favoráveis: cobertura vegetal abundante, grande disponibilidade de alimento e diversidade de abrigos. Escavam as suas tocas em áreas adjacentes aos cursos de água – muitas vezes, aproveitando as cavidades das rochas -, e não raramente as tocas têm entradas submersas.

Um dos segredos que explica como este mamífero está tão bem-adaptado à vida aquática assenta na sua pelagem, que é densa e impermeável. Também a sua longa cauda é um importante instrumento de “navegação”: um leme que orienta a direção dos seus movimentos. As patas, com membranas interdigitais, permitem-lhe nadar rapidamente, e a cabeça achatada – com focinho estreito, orelhas e olhos pequenos – possibilita que se desloque quase de forma invisível.

Sendo um predador de topo nos seus habitats (não tem predadores), a Lutra lutra é uma espécie carnívora que baseia a sua dieta em peixes, crustáceos e também em pequenos mamíferos, aves e répteis.

Embora seja uma espécie bastante comum e em expansão em Portugal – onde tem estatuto de conservação “Pouco Preocupante” – as populações de lontra europeia estão sob pressão em algumas regiões do globo, razão pela qual a espécie está classificada internacionalmente como espécie “Quase Ameaçada”. A expansão da espécie em Portugal poderá estar relacionada com a introdução e crescimento do lagostim-vermelho-da-Louisiana (Procambarus clarkii), invasor presente em grande parte das bacias hidrográficas portuguesas, que representa para as lontras uma fonte de alimento abundante.

Lontra Europeia

Sabia que…

  • Embora possam viver em pequenos grupos, esta é uma espécie mais solitária do que social, com exceção para o acasalamento e a altura em que tem crias. Ainda assim, é comum vê-las a brincar – a perseguir-se, deslizar -, um comportamento que se pensa estar associado ao aperfeiçoamento (e ensino às crias) das técnicas de caça.
  • Uma das formas de comunicação entre lontras ocorre pela marcação olfativa. Glândulas na base da cauda exalam um odor com que cobrem troncos, vegetação e a sua própria pele, para marcar limites territoriais e dar a conhecer a sua identidade e estado sexual.
  • As lontras têm um dia do calendário dedicado à sua espécie. O Dia Internacional das Lontras comemora-se a 29 de maio e diversas entidades nacionais – como o Oceanário – costumam organizar atividades especiais para dar a conhecer ao grande público as características destes animais e sensibilizar os cidadãos para a conservação da espécie.
Lutra Lutra
  • Lontra europeia

    Lutra lutra

  • MAMÍFERO

  • Género:

    Lutra

  • Família:

    Mustelidae

  • Estado de conservação:

    Pouco preocupante em Portugal, mas Quase Ameaçada internacionalmente, segundo a Lista Vermelha da IUNC – União Internacional para a Conservação da Natureza.

  • Habitats:

    Vive sobretudo em habitats de água doce, onde exista uma grande diversidade de abrigos e vegetação. Pode também habitar em ambientes de água salobra ou mesmo salgada.

  • Distribuição:

    Europa Ocidental, Ásia e Norte de África. Em Portugal, a lontra europeia é comum em todo o território, vivendo em praticamente todo o tipo de ambientes aquáticos.

  • Altura/comprimento:

    Até 90 cm.

  • Longevidade:

    10 anos (em estado selvagem).

Como cuidamos da lontra?

A lontra é um mamífero relativamente comum em várias zonas florestais da The Navigator Company. Foi identificada em praticamente todo o território continental no qual a empresa está presente, desde Mogadouro, Santo Triso, Arouca e Malcata, mais a Norte, a Monchique, no Sul, passando por Gavião, Nisa, Monfurado, Vale do Sado e Sudoeste Alentejano. No vídeo, as imagens noturnas foram captadas na Caniceira (distrito de Santarém).

Nestas propriedades florestais, as lontras habitam cursos de água que beneficiam de faixas de vegetação de até 30 metros (galerias ribeirinhas ou ripícolas), onde a presença e a atividade humanas são reduzidas ao mínimo. Trata-se de galerias ribeirinhas reservadas para a proteção dos cursos de água e dos seus habitats, nas quais a prioridade é preservar o coberto vegetal e a regeneração natural. “Sempre que viável, a natureza segue o seu curso sem intervenção humana e só se atua nos casos em que a requalificação traz benefícios evidentes”, explica Nuno Rico, responsável pela monitorização e gestão da biodiversidade na Navigator.

Além dos mamíferos, estas galerias são “casa” para vários outros grupos de animais, incluindo peixes, anfíbios e macroinvertebrados (como os insetos). A “saúde” destes ecossistemas depende em muito de espécies de flora que lhes são características, algumas das quais consideradas habitats prioritários para a conservação no âmbito da Rede Natura 2000, como é o caso dos amiais, integrados nas “Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus Excelsior” (código 91E0). Estes habitats de zonas ribeirinhas são essenciais para regular a fertilidade e erosão do solo, a retenção de carbono e a recirculação da água doce, entre outros serviços do ecossistema.

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