Sobre o sol vivo pousa uma manta azul-escura de estrelas, espalhando-se pelos campos, fazendo descer a temperatura e anunciando a chegada da noite — fiel aliada das criaturas das trevas. Ou assim dizem os aficionados do terror.
Se há espécie que é incomodada com preconceitos e que pouco aprecia associações a más companhias, é, sem dúvida, o morcego.
Esta espécie é fundamental na biodiversidade: agente polinizadora, exímia farmacêutica, excelente ouvinte e a única, entre mamíferos, que efetivamente, consegue voar.
Uma mais-valia para a biodiversidade
A natureza vive de estrutura e precisão, requisitando a ajuda dos morcegos para polinizar os campos através do pólen transportado pelas suas asas.
E no caso de um encontro surpresa com um individuo cheio de sucos vermelhos na ponta do focinho, não será caso para alarme: trata-se apenas do enorme gosto que têm por frutos do bosque e outras frutas, levando sementes no sistema digestivo, que mais tarde vão sendo dispersadas por novos territórios.
Também o controlo de pragas é outra das suas inerentes tarefas. Muitos morcegos, alimentam-se de uma grande diversidade de insetos como melgas, mosquitos e borboletas, que facilmente se deixam caçar quando expostas em zonas urbanas repletas de candeeiros.
Por último, mas não menos importante, tem sido a sua ajuda nos mais variados avanços científicos. Quer na vertente de engenharia através do estudo das suas asas, quer em estudos da ecolocalização, os seus ensinamentos têm sido preciosos.
Em Portugal, existem cerca de 28 espécies deste pequeno herói, pertencentes ao grupo Chiroptera e, ao contrário do que possam alegar sobre este doce e incompreendido mamífero, não tem qualquer perfil para protagonizar um papel num filme do Conde Drácula.