Rara e pouco conhecida, a Rhaponticum exaltatum, antes chamada de Leuzea rhaponticoides, é uma planta “Criticamente em Perigo” de extinção em Portugal. Pensava-se que a sua presença estava confinada a uma pequena área em Trás-os-Montes, mas em 2022 foi descoberta nas florestas sob gestão da Navigator Company, em Penamacor, por uma equipa da Floradata.
No final do século XX, foram identificados pequenos núcleos de Rhaponticum exaltatum, no extremo nordeste transmontano, entre Vimioso e a Serra de Montesinho. Foram vistos perto de um talude junto a uma linha de água temporária, entre uma mata de coníferas exóticas (Pseudotuga menziesli) e o mato de estevas, na berma de um caminho sob as copas de pinheiros e castanheiros, e em clareiras de bosques mistos de carvalhos, pinheiros e castanheiros.
Esta região, no extremo nordeste de Portugal, teria os únicos núcleos desta rara espécie, que é um endemismo ibero-marroquino, ou seja, só existe naturalmente na Península Ibérica e em Marrocos.
O trabalho feito para a Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental, entre 2016 e 2019, confirmou esta reduzida presença, assim como a sua diminuta área e extensão de ocupação. Observou-se ainda que muitos dos exemplares não tinham haste floral, um indício da dificuldade de se reproduzir. Com apenas uma centena de indivíduos maduros concentrados numa única subpopulação, esta Lista classificou a espécie na categoria mais elevada de ameaça de extinção: “Criticamente em Perigo” em Portugal.
As boas notícias vieram em junho de 2022, com a descoberta de um novo núcleo populacional desta planta que, por ser tão rara, nem sequer tem nome comum. A identificação da Rhaponticum exaltatum foi feita por uma equipa da Floradata, empresa de consultoria ambiental que desenvolvia trabalho de campo, no âmbito da monitorização dos valores naturais que a The Navigator Company realiza anualmente nas propriedades que gere.
Este núcleo de Rhaponticum exaltatum foi encontrado em Penamacor (região interior Centro) e, embora a descoberta não altere o risco extremamente elevado de extinção da espécie na natureza, veio indicar a existência de exemplares germinados em anos recentes e de plantas em flor. E o facto deste núcleo “estar próximo do centro de distribuição da espécie em Espanha traz alguma esperança para o seu futuro em Portugal”, acrescenta Paulo Alves, da Floradata.
O período em que foram avistadas coincidiu com a época de floração da Rhaponticum exaltatum, que acontece entre junho e julho, mas dura muito pouco tempo – cerca de uma semana. Durante estes dias, a espécie destaca-se entre os verdes do bosque pela beleza das suas cores: o dourado da bráctea que protege a flor e as nuances rosa da sua inflorescência, que vão de um tom intenso a um rosado pálido, quase branco. Esta não é, no entanto, a única característica distintiva da Rhaponticum exaltatum: o seu caule esguio pode elevar-se a uma altura pouco comum para uma herbácea – até 1,4 metros.