Na Reserva Natural da Serra da Malcata, mais concretamente na propriedade dos Alísios, a The Navigator Company está a fazer uma intervenção que levará ao desbaste de árvores resinosas. Este desbaste ajudará a criar espaço para que haja a regeneração natural de espécies autóctones, tudo em prol da conservação de uma área de 205 hectares.
Entre a vila de Penamacor e a cidade do Sabugal, no distrito de Castelo Branco, encontra-se a Reserva Natural da Serra da Malcata. Um dos últimos refúgios naturais do território português e uma das zonas de eleição para a preservação do lince-ibérico Lynx pardinus, o felino mais ameaçado do continente Europeu.
Integrada na Reserva Natural da Serra da Malcata está também a propriedade dos Alísios, onde a Navigator tem estado a proceder a um desbaste de árvores resinosas numa área de 205 hectares dos 1220 hectares de área plantada entre 1976 e 1982 para produção. Entre estas espécies, encontra-se o pinheiro-bravo (Pinus pinaster), o pinheiro-silvestre (Pinus sylvestris), o pinheiro-negro (Pinus nigra), o pinheiro-Córsega, o pinheiro-da-Calábria, o abeto-de-douglas (Pseudotsuga menziesii) e a Pseudotsuga menziesii
Quanto à intervenção, esta “visa reduzir a densidade por hectare de 110 para cerca de 500 a 600 árvores, cumprindo o objetivo de diminuir a taxa de ocupação com resinosas”, segundo palavras de Luís Alarico, Coordenador da Zona Centro Interior do Departamento de Produção e Exploração Florestal da Navigator. Por sua vez, o material lenhoso obtido do desbaste destina-se à indústria de serração, indústria de trituração para produção de pellets e produção de energia.
Também Nuno Rico, responsável pela Conservação da Biodiversidade na Navigator, reforça que “o desbaste é um contributo positivo para a conservação”, abrindo espaço para “uma regeneração natural de espécies autóctones, como os castanheiros, os carvalhos, azinheiras e medronheiros, aumentando a cobertura arbórea destas espécies e promoção de clareiras”.
Entre as várias espécies existentes nos Alísios com importância para a conservação, destacamos as seguintes:
Flora
A mostajeiro (Sorbus latifolia) é uma árvore característica de bosques caducifólios que ocorre de modo disperso nas zonas montanhosas do centro de Portugal. Está avaliada como Vulnerável pela Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental.
A violeta-amarela (Viola langeana) está avaliada como Pouco Preocupante pela mesma Lista, sendo endémica da Península Ibérica, embora de distribuição restrita a algumas serras do centro do nosso país.
Fauna
O corço (Capreolus capreolus) e o veado (Cervus elaphus) são espécies importantes também como presas potenciais de grandes predadores. Apesar de nenhum deles se encontrar ameaçado, são dois herbívoros com grande relevância local, contribuindo, entre outros fatores, para a conservação do lobo (Canis lupus), cuja presença está confirmada na Serra da Malcata.
Sabia que…
Todas as intervenções da Navigator nos Alísios são feitas após pareceres prévios do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), até porque a propriedade insere-se na Zona Especial de Conservação (ZEC) da Malcata da Rede Natura 2000, abrangendo uma Zona de Proteção Especial (ZPE).
O desbaste está a ser feito em mosaico para mitigar impactos ao nível da paisagem, assim como fora da altura da nidificação das espécies de aves que ali vivem, entre 1 de março e final de junho. Por tudo isto, é considerado um exemplo de boas práticas de gestão sustentável.
Dos 205 hectares intervencionados, 92 hectares estão integrados na Faixa da Rede Primária de Defesa da Floresta Contra os Incêndios (DFCI). Além disso, e seguindo a sua estratégia de gestão florestal responsável, a Navigator promove intervenções regulares de manutenção de acordo com o Regulamento da Reserva Natural da Serra da Malcata.
Os Alísios são conhecidos por ali se realizar a Festa da Carqueja, uma romaria celebrada anualmente em maio, reforçando a necessidade de manter a área bem gerida, com atenção permanente à redução da carga combustível.