Além das características físicas, muito mais há a saber sobre este belo animal, tal como a forma como se organiza socialmente. Vivendo em alcateias, estas têm uma hierarquia muito bem definida onde todos reconhecem e respeitam o seu papel, além de serem bastante leais ao grupo.
Por norma, é formado por um casal dominante e os seus descendentes, variando ao longo do ano entre dois (no inverno) a dez indivíduos (entre o final do verão e o início do outono). Contudo, estes números variam consoante a altura do ano e a quantidade de alimento a que têm acesso nos seus diferentes habitats, sejam florestas, bosques ou matagais.
Em termos de reprodução, acontece uma vez por ano entre março e abril, para as crias nascerem depois após dois meses de gestação, por volta de junho. Quanto ao número, a média é de 5 e pode variar entre o mínimo de 1 e o máximo de 11 crias.
Quanto à alimentação, o lobo-ibérico caça em matilha e idealmente come cerca de 3 a 5 quilos de alimento por dia, entre pequenos roedores e ungulados silvestres como o corço, o veado e o javali, pelos quais tem preferência.
Infelizmente, com a diminuição das espécies de grande porte, vê-se forçado a alimentar-se de animais domésticos. Por este motivo, em Portugal encontra-se sob proteção legal para sua conservação e recuperação, já que a espécie possui o estatuto “Em perigo”, de acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Por tudo isto, o seu abate é proibido e em caso de ataques a rebanhos, os seus donos são compensados monetariamente. O lobo-ibérico é ainda abrangido por várias Convenções, tais como a de Berna, CITES e Convenção sobre a Diversidade Biológica.
Para reverter o seu estatuto, o Parque Natural de Montesinho recebe o projeto HabMonte, que tem vindo a recuperar lameiros e a fazer a gestão de áreas florestais numa iniciativa dinamizada pelo ICNF que pretende contribuir para a proteção e conservação de habitats naturais protegidos e para a valorização de habitats do lobo-ibérico e das suas presas, ambos fundamentais para o equilíbrio dos ecossistemas. Segundo o ICNF: “Recuperar estas pastagens permite dispersar pelo território a fauna selvagem herbívora do Parque Natural de Montesinho – em particular, veados, corços e javalis –, que assim encontram maior disponibilidade alimentar fora do perímetro agrícola das aldeias. A dispersão destes animais favorece também o lobo-ibérico, que tem nos herbívoros de grande porte as suas presas naturais, afastando-o das aldeias e dos rebanhos”.
Também no Parque Nacional da Peneda-Gerês, composto por 70 mil hectares de património natural e uma biodiversidade única, esta espécie faz parte daquela que é a primeira área protegida criada no país, integrada na Rede Nacional de Áreas Protegidas, gerida pelo Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). É precisamente aqui que o lobo-ibérico tem a sua população-mãe em Portugal.