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Gilbardeira

A gilbardeira é um bonito arbusto perene, conhecido pelas bagas vermelhas que lhe dão cor em pleno inverno. Apesar de ser relativamente comum nas nossas florestas, é uma espécie cuja colheita na natureza está proibida na Europa, pela Diretiva Habitats (anexo V).

A gilbardeira é um arbusto da família Asparagaceae – aparentado com jacintos (Hyacinthoides spp.) e espargos (Asparagus spp.) – que ganhou valor ornamental pela beleza e contraste entre o tom de verde-escuro dos seus caules e o vermelho brilhante das bagas que o enfeitam naturalmente durante os meses de outono e início de inverno.

Esta estética, semelhante à do azevinho (Ilex aquifolium), é uma das razões pela qual a gilbardeira se tornou muito procurada para as decorações natalícias – acabou por ficar conhecida como “falso azevinho” – o que aumentou a sua colheita desregrada. Este risco levou as autoridades europeias a integrar o Ruscus aculeatus na lista de espécies constantes da Diretiva Habitats – Anexo V, que condiciona a sua colheita na natureza. Ainda assim, a gilbardeira é relativamente comum em Portugal e as suas populações foram consideradas estáveis na maioria dos países da Europa, na avaliação feita pela Lista Vermelha da IUCN, que a considera “Pouco Preocupante” em termos de proteção.

Se é certo que os frutos da gilbardeira e do azevinho parecem semelhantes (ambos surgem no verão e mantêm o tom vermelho durante o inverno), na verdade, até estes frutos são diferentes, uma vez na gilbardeira eles são bagas (podendo ter mais do que uma semente no seu interior), enquanto no azevinho são drupas (um caroço único que protege a semente).

As duas plantas não têm qualquer parentesco e há muitas mais diferenças entre elas. Por exemplo, na gilbardeira, aquilo que nos parecem folhas são, na realidade, caules espalmados (chamados cladódios) que terminam numa estrutura semelhante a um espinho (acúleo). É nestes caules que surgem as bagas e também as flores, que são bastante mais pequenas do que as bagas, com tons branco-amarelado e violeta. As folhas, em forma de escama, escondem-se por debaixo dos caules recém-formados, mas são tão pequenas (apenas alguns milímetros) e caem tão rapidamente, que quase não damos por elas.

Ruscus_aculeatus

Sabia que…

  • Tradicionalmente, os caules secos da gilbardeira foram usados no fabrico de vassouras grosseiras, o que deu à planta outro dos seus nomes comuns: erva-dos-vasculhos. Pica-ratos era ainda um outro nome que lhe davam, devido aos espinhos que afastavam animais indesejados.
  • Os caules jovens desta planta podem comer-se: preparados tal como os espargos. Já os frutos não são comestíveis por seres humanos, pois são tóxicos. Esta toxicidade não afeta outros animais (especialmente aves) que deles se alimentam (sem os digerir) e os devolvem à natureza, contribuindo para a propagação da espécie.
  • As raízes também têm aplicação na medicina popular, como diurético.
Gilbardeira
  • Gilbardeira

    Ruscus aculeatus

  • PLANTA

  • Género:

    Ruscus

  • Família:

    Asparagaceae

  • Estatuto de conservação:

    Pouco preocupante, segundo a Lista Vermelha da IUCN – União Internacional para a Conservação da Natureza.

  • Habitats:

    Florestas, sob árvores de maior porte, sobretudo onde existem carvalhos; matagais frescos, com sombra; mais raramente, fendas de afloramentos rochosos.

  • Distribuição:

    Região Mediterrânica, desde Portugal ao Cáucaso, Norte de África e região macaronésica (Açores e Canárias). Em Portugal, é comum em todo o país.

  • Altura/comprimento:

    Até 1,5 m.

  • Longevidade:

    Subarbusto perene, até 25 anos.

Como cuidamos da gilbardeira?

A gilbardeira é uma espécie identificada em várias zonas florestais sob gestão da Navigator, desde Amarante a Monchique, passando pelo Vale do Sado e Sudoeste Alentejano. Pode ser vista, sobretudo, nas encostas voltadas a Norte, mais húmidas e sombrias.

A espécie está também presente na Quinta de São Francisco. Aqui é comum encontrá-la sob o coberto de árvores centenárias, servindo de refúgio (e em alguns casos de alimento) a répteis e mamíferos.

Entre as medidas implementadas para a sua proteção, refiram-se, por exemplo, a proibição de circulação de veículos nas zonas onde o arbusto está identificado e a manutenção limitada a intervenções manuais, nos núcleos mais densos.

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