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Abeto-de-douglas: uma gigante árvore de Natal

Com uma alta e elegante copa cónica, o abeto-de-douglas (Pseudotsuga menziesii) é uma das espécies mais apelativas como árvore de Natal. Também conhecido como pinheiro-do-oregon ou pseudotsuga, é originário da costa oeste da América do Norte, região onde é uma das espécies mais procuradas para enfeitar durante as festividades natalícias.

Todas as árvores cravam as raízes na terra e estendem os ramos em direção ao céu, de modo a garantirem o seu “lugar ao sol”. Nesta corrida desenfreada pela luz, o altíssimo abeto-de-douglas é, sem dúvida, um dos vencedores. Na sua região nativa, pode alcançar os 100 metros de altura, sendo uma das mais altas espécies do Mundo em altura, e viver até aos mil anos.

Em terras lusas, todavia, eleva-se normalmente a metade da altura, ou seja, aproximadamente a altura de um prédio de 17 andares. A espécie terá chegado a Portugal em 1840, valorizada pela sua beleza ornamental e pela sua madeira. Embora não seja uma árvore comum entre os portugueses, pode ser encontrada em parques, jardins e em pequenas plantações, em várias serras do norte e centro do país.

O abeto-de-douglas distingue-se, sobretudo, pela folhagem persistente, pelo tronco direito e pela copa cónica e ampla, quando jovem. Esses atributos tornaram-no numa das principais espécies de árvores de Natal, sobretudo nos Estados Unidos. Em Portugal, no entanto, esta escolha não é comum, por ter uma distribuição escassa e dispersa. A tradição natalícia dos portugueses elegeu, principalmente, o pinheiro-bravo (Pinus pinaster), uma espécie da mesma família do abeto-de-douglas – família Pinaceae, muito mais fácil de encontrar por todo o território.

Tal como os restantes membros da família Pinaceae, o abeto-de-douglas não possui flores, mas estruturas reprodutivas masculinas e femininas (os denominados estróbilos ou cones, de onde deriva o termo conífera, que designa muitas espécies de gimnospérmicas ou resinosas). Chamamos-lhes pinhas e elas surgem entre março e maio, guardando o pólen e as sementes. Os masculinos têm cerca de 2 centímetros de comprimento e cor amarelo-alaranjada e os femininos chegam aos 10 centímetros, sendo mais visíveis também pelas suas cores: verde-amarelada quando jovens e castanho-avermelhada já maduros. As suas pinhas distinguem-se facilmente, por apresentarem inconfundíveis escamas protetoras, que são salientes, longas e trifurcadas na ponta.

Nos exemplares jovens de abeto-de-douglas, a casca protetora (ritidoma) é acinzentada e coberta de vesículas resinosas, enquanto nos mais velhos, torna-se lenhosa, fendida e com uma tonalidade castanho-avermelhada. Também os ramos têm a particularidade de mudar de cor com a idade: inicialmente são verde-amarelados, depois castanho-amarelados e, finalmente, cinzentos e revestidos de pelos curtos, finos e macios.

As folhas verdes, em forma de agulha com até 3,5 centímetros, estão dispostas em espiral e na parte inferior distinguem-se duas faixas brancas. Quando pressionadas libertam um odor aromático.

Sabia que o abeto-de-douglas…

  • Tem um único exemplar classificado como Arvoredo de Interesse Público, em Portugal Continental? Encontra-se nas imediações do Santuário de Nossa Senhora do Carmo da Penha, em Guimarães. Tem cerca de 70 anos, mede 4,8 metros de perímetro à altura do peito (PAP) e 35 metros de altura. Este não é, no entanto, o maior exemplar português registado: ele está na Mata Nacional do Buçaco e é um gigante verde com cerca de 150 anos, 4,6 metros de PAP e 53 metros, o equivalente à altura do Padrão dos Descobrimentos.
  • Foi inicialmente introduzido em Portugal no Parque da Pena, na serra de Sintra, a pedido do rei D. Fernando II, por volta de 1840. Seguiu-se a introdução na mata do Buçaco (1871), nas serras da Estrela e do Gerês (1904/05) e na serra da Padrela (1970). Além disso, esta espécie — sobretudo a variedade menziesii — incluiu-se em plantações florestais noutras serras, como as do Açor, Bornes, Cabreira, Caramulo, Ladário, Leomil, Lousã, Malcata, Nogueira, entre outras. A preferência por esta variedade — denominada, amiúde, como pseudotsuga-da-faixa-litoral — reside, principalmente, no seu rápido crescimento e no valor económico da sua madeira de excelente qualidade.
  • Deve o seu nome científico Pseudotsuga menziesii ao botânico português João do Amaral Franco que, em 1950, propôs substituir a anterior nomenclatura Abies menziesii, atribuída pelo francês Charles-François Mirbel, em 1825. O nome do género (Pseudotsuga) pretende salientar que não se trata de uma verdadeira tsuga, outra espécie oriunda do continente americano. O restritivo específico menziesii é um tributo ao naturalista escocês Archibald Menzies (1754-1842), que descobriu e descreveu a espécie pela primeira vez, em 1795. Já o nome vulgar, abeto-de-douglas, honra o botânico escocês David Douglas (1799-1834).
  • PLANTA

  • Abeto-de-douglas

    Pseudotsuga menziesii

  • Género:

    Pseudotsuga

  • Família:

    Pinaceae

  • Estatuto de conservação:

    “Pouco preocupante”, segundo a Lista Vermelha da IUCN – União Internacional para a Conservação da Natureza.

  • Habitats:

    Desenvolve-se com maior eficácia em solos profundos e frescos e em zonas montanhosas, situadas entre os 500 e 1000 metros de altitude, chegando aos 2000 a 3000 metros, nos Estados Unidos da América. Prefere climas oceânicos húmidos — com pluviosidade anual superior a 800 milímetros.

  • Distribuição:

    É natural da América do Norte Ocidental, desde o Canadá até ao México. Foi plantada em várias regiões do mundo. Em Portugal, ocorre sobretudo a norte do rio Tejo, em parques e jardins e nas zonas serranas do Açor, Bornes, Buçaco, Cabreira, Caramulo, Estrela, Gerês, Ladário, Leomil, Lousã, Malcata, Nogueira, Padrela e Sintra.

  • Altura / Comprimento:

    Até 100 metros de altura no território nativo.

  • Longevidade:

    500 a 1000 anos no território nativo.

Uma das espécies presentes nas florestas Navigator

O abeto-de-douglas é uma das espécies exóticas presentes em várias áreas florestais geridas pela The Navigator Company. Na Malcata, por exemplo, uma área que ronda os 140 hectares e que está a uma altitude de 700 a 900 metros, foram plantados abetos-de-douglas (entre 1978 e 1980) por serem árvores de montanha. Aí, a precipitação é favorável ao seu crescimento, havendo exemplares que ultrapassam os 50 metros de altura.

Na Quinta de São Francisco, em Aveiro, o abeto-de-douglas foi igualmente plantado há várias décadas. Os exemplares de crescimento rápido foram introduzidos nos anos 90 num pequeno arboreto de coníferas, em que já existiram várias espécies de pinheiros (Pinus spp.) e ciprestes (Cupressus spp.). O objetivo da sua introdução era contribuir para o embelezamento paisagístico do local e o aumento da biodiversidade. No entanto, a proximidade de eucaliptos monumentais e carvalhos centenários tem ensombrado o desenvolvimento destes abeto-de-douglas, que têm ficado aquém das expectativas, não ultrapassando os 15 metros de altura. À semelhança de tantas outras espécies, nativas e exóticas, presentes na Quinta, as operações de manutenção e gestão têm visado a sua conservação, de forma a contribuir para a riqueza ecológica do local.

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