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Carvalho-alvarinho

O carvalho-alvarinho (Quercus robur), também conhecido como carvalho-roble, é típico dos climas temperados de influência atlântica e estima-se que exista em Portugal há vários milhares de anos. Hoje encontra-se sobretudo no norte e centro.

O carvalho-alvarinho é uma árvore frondosa, que pode alcançar os 40 metros de altura e que cresce mais rápido do que outros carvalhos, preferindo solos profundos, com um bom nível de humidade. A sua copa é ampla e arredondada, e as folhas caducas, de um verde vibrante, nascem alternadamente dos dois lados do caule, finas, resistentes, flexíveis (membranáceas) e com pé curto. A casca que reveste tronco e ramos é acinzentada, escurecendo com a idade, com sulcos longitudinais profundos.

O nome científico – robur, ou madeira dura e sólida –, faz jus à madeira desta árvore. De grande qualidade, esta madeira é procurada na construção civil e naval, no mobiliário, para o fabrico de móveis maciços, nas artes, para talha e escultura, e também na vinicultura, para as barricas de vinho. Este é uma das madeiras em que envelhece o afamado Vinho do Porto.

A espécie floresce na primavera (entre março e maio), em inflorescências, grupos de flores que se assemelham a cachos (amentilhos): os masculinos são delgados e pendentes, com muitas flores de pequena dimensão; e os femininos, mais pequenos e arredondados, com duas a três flores e com um invólucro escamoso. O fruto (e semente), a bolota, surge a partir dos 40 anos, atingindo a máxima qualidade aos 120 anos. É colhida em setembro-outubro.

O carvalho-alvarinho providencia habitat a inúmeras espécies, começando pelos insetos que nele encontram abrigo e alimento – seja na casca ou na bolota, na folha ou nas raízes – que, por sua vez, servem de alimento a diversas espécies de ave, como os gaios, que ajudarão na tarefa da polinização. Também as suas bolotas alimentam vários mamíferos, desde esquilos a javalis.

Vários habitats onde predomina o carvalho-alvarinho integram o Plano Setorial da Rede Natura 2000: Carvalhais galaico-portugueses de Quercus robur e Quercus pyrenaica (9230pt1); carvalhais pedunculados ou florestas mistas de carvalhos e carpas subatlânticas e médio-europeias da Carpinion betuli (9160pt1); e florestas mistas de Quercus robur, Ulmus laevis, Ulmus minor, Fraxinus excelsior ou Fraxinus angustifolia, das margens de grandes rios (habitat 91F0).

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Sabia que…

  • Pensa-se que o carvalho-alvarinho seria uma das espécies já presentes no território que hoje é Portugal durante o período glaciar de Würn, há cerca de 55 a 40 mil anos, em formações onde convivia com o azevinho (Ilex aquifolium) e a aveleira (Coryllus spp.).
  • A longevidade desta espécie, que rebenta bem após o corte e a passagem do fogo, pode alcançar várias centenas de anos ou mesmo milhares. Em Portugal, o Carvalho de Calvos, na Póvoa de Lanhoso, é considerado o carvalho-alvarinho mais antigo (pensa-se que seja o mais antigo da Península Ibérica). Terá nascido na época dos Descobrimentos, pelo que terá já 500 anos, e está classificado como Árvore de Interesse Público desde 1997.
  • A madeira do carvalho-alvarinho foi utilizada na construção de naus, na época dos Descobrimentos: uma nau precisaria de dois mil a quatro mil carvalhos, o que ajudou à diminuição da espécie. Da sua bolota triturada fazia-se farinha com que se fabricava pão. Este foi um importante alimento humano na região ocidental da Europa antes de se começar a produzir trigo (há cerca de 10 mil anos) e em momentos de maios carência.
  • Existem várias espécies de carvalhos (género Quercus) em Portugal, como é o caso do carvalho-negral (Q. pyrenaica), carvalho-cerquinho (Q. faginea), carvalho-de-monchique (Q. canariensis), carvalhiça (Q. lusitanica), azinheira (Q. rotundifolia), sobreiro (Q. suber) e carrasco (Q. coccifera). O carvalho-alvarinho tende a cruzar-se com outras espécies do género Quercus, criando híbridos.
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  • PLANTA

  • Género

    Quercus

  • Família

    Fagaceae

  • Estatuto de conservação:

    Pouco preocupante, segundo a Lista Vermelha do IUCN – União Internacional para a conservação da natureza.

  • Habitats:

    Cresce em bosques caducifólios (carvalhais, florestas aluviais), pinhais ou eucaliptais, preferencialmente em solos ácidos, profundos e frescos, e em locais com clima temperado.

  • Distribuição:

    Praticamente em todos os países europeus, desde Portugal à Rússia e da Noruega à Turquia. Em Portugal, é comum no norte e centro, em regiões com influência atlântica e baixa altitude.

  • Altura / comprimento:

    Até 40 m.

Como cuidamos do carvalho-alvarinho?

O carvalho-alvarinho encontra-se presente em várias propriedades da The Navigator Company, sobretudo no Norte de Portugal, como é exemplo a zona de Arouca, São Pedro do Sul e Valongo. A espécie surge integrada em bosquetes de folhosas que correspondem ao habitat Carvalhais galaico-portugueses de Quercus robur e Quercus pyrenaica (9230pt1).

Para melhorar o estado de conservação e aumentar a dimensão destes pequenos bosques são implementas medidas de gestão que promovem ativamente a sua regeneração natural e procede-se à plantação das espécies características deste habitat (recorrendo a ecótipos locais, sempre que possível). Estes bosquetes beneficiam ainda de medidas de defesa contra incêndios e de controlo de espécies invasoras.

Este carvalho está presente também na Quinta de São Francisco, na região de Aveiro. Nesta propriedade, podemos encontrar vários exemplares monumentais da espécie, alguns com cerca de 40 metros de altura. Os mais velhos, que têm sido conservados ao longo do tempo, possuem cerca de duzentos anos e fazem parte da floresta nativa do vale onde a Quinta está localizada. Além da proteção conferida a árvores isoladas, na Quinta de São Francisco é também protegida a regeneração natural desta espécie, que é ainda estimulada com o plantio de novos exemplares.

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