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Freixo-de-folhas-estreitas: uma árvore que pode viver mais de 200 anos

Quantas árvores têm o privilégio de dar a origem de nomes de vilas ou até mesmo fazer parte de uma lenda? O freixo-de-folhas-estreitas (Fraxinus angustifolia), além de viver mais de 200 anos, é uma dessas espécies e pode ser encontrado um pouco por todo o país.

É bem possível que reconheça o nome freixo de alguma vila ou aldeia portuguesa, até porque a sua toponímia está presente em cerca de 20 povoações. Na origem da vila de Freixo de Espada à Cinta em plena região do Douro, por exemplo, diz a lenda que no séc. XIV o então rei de Portugal D. Dinis amarrou a sua espada a um freixo junto à Torre do Castelo desta localidade, ao qual se encostou para descansar à sombra e recuperar forças após uma batalha.

Lendas à parte, a longevidade do freixo-de-folhas-estreitas, também conhecido por freixo ou freixo-comum, é outras das suas características merecedoras de destaque. Considerada uma árvore de crescimento rápido, consegue idades centenárias e até mesmo ultrapassar os 200 anos. A comprovar, na freguesia de Vila Cã, em Pombal, existe um exemplar classificado de interesse público pelo ICNF por ter cerca de 500 anos de idade. E, afinal, o que mais sabemos sobre esta espécie?

Originária da zona oeste do Mediterrâneo, sul da Europa, noroeste de África e ainda sudoeste da Ásia, em Portugal cresce de forma espontânea em todo o país. Pertencente à família Oleaceae, o freixo é uma árvore de folha caduca de tamanho médio que pode alcançar os 25 metros de altura, ainda que a média esteja entre os 10 a 15 metros.

Possui um tronco escuro e direito, embora curto, a casca é cinzenta, rugosa e com bastantes fissuras profundas, tendo uma copa oval, ampla e densa, com numerosos ramos. Os ramos, pouco numerosos, são igualmente acinzentados.

Quanto à propagação desta espécie, acontece por semente e as flores costumam aparecem na primavera, antes das folhas e polinizam-se através do vento. Estas, por sua vez, têm entre 15 a 25 cm de comprimento. O fruto (uma sâmara) possui cor amarelo-pardo e tem uma asa terminal, que auxilia na dispersão pelo vento. Atinge a maturação em setembro.

O freixo-de-folhas-estreitas é facilmente encontrado nas zonas altas das margens dos cursos de água. Pode mesmo surgir em solos calcários ou siliciosos, preferindo os profundos e húmidos, e desenvolve-se até aos 1700 metros de altitude, embora em Portugal apareça mais frequentemente entre os 5 e os 190 m. Curiosamente, esta espécie tolera um amplo espectro de temperatura, dando-se bem em climas temperados e mediterrânicos, com alguma humidade atmosférica.

Sabia que…

A designação científica do freixo está associada às suas características morfológicas, em particular das suas folhas. Assim, o género Fraxinus é o nome clássico do freixo e deriva da palavra grega “phraxis“, que significa sebe, enquanto a terminação angustifolia significa “de folha estreita”, mas de facto são os folíolos que são estreitos (linear-lanceolados) e não a sua folha que é composta.

É uma espécie bastante resistente ao frio e aos ventos, mas não à salinidade. Ainda assim, é comum observá-lo em zonas próximas do litoral, como no Baixo Vouga Lagunar.

Em Portalegre (Marvão) existe a magnífica Alameda dos Freixos ao longo da EN 246-1, com cerca de 300 freixos centenários classificados de interesse público, em ambos os lados da estrada. A intensidade do trânsito coloca em risco a preservação da espécie e, em alternativa, está em apreciação a criação de uma alternativa a este troço de estrada por parte do ICNF.

As extensas raízes do freixo contribuem para a sustentação e suporte dos terrenos e taludes dos cursos de água, como valas e rios, contribuindo assim para a redução da erosão e regularização dos caudais em picos de cheia.

O freixo-de-folhas-estreitas é usualmente utilizado em sebes, para separar campos ou terrenos agrícolas, e é ainda utilizado como espécie ornamental em parques e jardins, especialmente nas proximidades de espelhos de água. Já a sua madeira é muito utilizada em mobiliário e em aplicações de madeira maciça ou revestimentos, mas também em equipamentos desportivos, cabos de ferramentas, entre outras utilizações do dia a dia. Mas a utilização de folhas, casca e sementes vai além destas: são ainda tradicionalmente utilizadas na medicina popular para combater a febre, ajudar em acessos reumáticos e na cicatrização de feridas.

  • Freixo-de-folhas-estreitas

    Fraxinus angustifolia Vahl

  • Planta

  • Género:

    Fraxinus

  • Família:

    Oleaceae

  • Estatuto de conservação:

    Não Avaliada (NE)

  • Habitat:

    Cresce nas margens de cursos de água e bosques frescos, planícies e vales inundáveis e matas caducifólias. Pode crescer até aos 1700 metros de altitude.

  • Distribuição:

    Espécie originária da Europa Meridional, Norte de África e Ásia Ocidental, crescendo espontaneamente por todo o território de Portugal.

  • Altura/comprimento

    Mede cerca de 15 metros, mas pode alcançar os 25 metros.

  • Longevidade:

    Pode viver mais de 200 anos

Como cuidamos desta espécie?

Nas propriedades da The Navigator Company está identificado um dos dois habitats da Rede Natura 2000 em que ocorre o freixo-de-folhas-estreitas – o habitat 91B0Freixiais termófilos de Fraxinus angustifolia –, um pouco por todo o país. Com a gestão da biodiversidade em mente, a identificação destes habitats como Áreas de Proteção permite a sua delimitação e o estabelecimento de medidas de proteção e recuperação do seu estado de conservação.

Outras propriedades da Navigator em que ocorre a espécie incluem Meirinhos, zona da Malcata, Penamacor, Idanha-a-Nova, Vale do Tejo (Nisa, Tomar) e, embora mais raro, no Sudoeste Alentejano.

Também na Quinta de São Francisco, considerado um refúgio de biodiversidade único apenas a 10 minutos do centro de Aveiro, onde podem ser observadas mais de 450 espécies de flora, entre árvores e arbustos, incluem-se exemplares de freixos (Fraxinus angustifolia). Plantados em 2016, ano em que foi reintroduzida na quinta para recuperar a linha ripícola, a sua gestão tem como objetivo primeiro preservar este hotspot de biodiversidade, prevenindo e mitigando riscos, e mantendo e melhorando habitats para assegurar a presença e saúde das muitas espécies que ali vivem.

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