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Grifo

Com quase 3 metros de envergadura, o grifo é uma das maiores aves observadas em Portugal. Todavia, esta espécie de abutre não se destaca apenas pelo seu porte, mas sobretudo pela função “sanitária” que desempenha nos ecossistemas.

Tal como as pessoas que tratam os nossos resíduos são essenciais na sociedade, também o grifo (Gyps fulvus) assegura um papel imprescindível nos ecossistemas: por ser uma espécie necrófaga –do grego nekrofágos, “que se alimenta de cadáveres” –, depende de carcaças de mamíferos (selvagens, mas também gado) para sobreviver. Ao consumi-las, contribui para a sua decomposição e evita a propagação de doenças.

Como todas as aves de rapina, o grifo está munido de ferramentas adequadas à sua missão: garras fortes e aguçadas, para segurar a comida, e um bico adunco e poderoso, com que rasga os couros, mesmo os mais endurecidos. O longo pescoço, sem penas, parece ter sido desenhado para facilitar o acesso ao interior das carcaças, em busca de alimento (que inclui músculos e vísceras). Além disso, possui olhos telescópicos, capazes de localizar um cadáver a mais de 300 metros de altura.

Também conhecido como “abutre-fouveiro”, “abutre-leonado”, “abutre-loiro”, “águia-branca”, “águia-bastarda”, “águia-borreira”, “alcafarro”, “ave-carniceira” ou “brita-ossos”, o grifo é coberto por uma plumagem bicolor. Enquanto a maioria do seu corpo é castanha-clara (alourada, donde advêm alguns nomes comuns), a cauda e a parte posterior das asas são castanho-escuro. Este acastanhado contrasta, assim, com um característico colarinho branco, nos adultos, e com o pescoço e a cabeça de tons claros.

As suas asas, largas e longas, podem atingir 2,7 metros de envergadura e, quando em voo, grandes penas destacam-se nas extremidades, sendo responsáveis pela redução da turbulência na ponta da asa e pelo aumento da sustentação, reduzindo o consumo de energia em voo. Estas características tornam-no um admirável planador, capaz de percorrer grandes distâncias — mais de 100 km num só dia — quase sem bater as asas. No entanto, essas viagens, com pouco dispêndio de energia, não se podem iniciar a qualquer hora: só se concretizam quando o sol já vai alto e os seus raios aquecem a atmosfera, criando correntes térmicas ascendentes que elevam o grifo no ar. Essa ajuda é preciosa, uma vez que pode pesar até 11 kg.

Esta majestosa ave forma colónias e é nestes grupos que se reproduz. Constrói ninhos, principalmente, nas escarpas rochosas dos ingremes vales fluviais, como é o caso dos troços internacionais dos rios Douro, Tejo e seus afluentes. Existem ainda alguns casais nas cristas rochosas de Vila Velha de Ródão e de Proença-a-Nova e nas serras de Penha Garcia, Malcata e São Mamede. Observa-se, sobretudo, junto à fronteira com Espanha.

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Sabia que o grifo…

  • É uma das três espécies de abutres em Portugal continental. Além dos grifos (mais comuns), temos os residentes, mas mais raros, abutres-negros e os migradores estivais britangos. Estas fantásticas aves necrófagas constituem uma autêntica brigada de limpeza!
  • Os seus cerca de 3 metros de envergadura fazem do grifo uma das maiores aves, em Portugal, ficando apenas atrás do abutre-preto (Cinereous vulture).
  • É muito vulnerável ao uso ilegal de venenos contra a fauna selvagem, sendo a espécie mais envenenada em Portugal. Por este motivo, é considerado, pela comunidade científica, como uma espécie-sentinela e tornou-se um dos protagonistas do projeto Sentinelas – Rede de Monitorização de Ameaças para a Fauna Silvestre, dinamizado pela Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, em parceria com a Universidade de Oviedo (Espanha).
  • Em 2018, tinha uma população estimada entre 1131-1217 casais, que se distribuíam por Castelo Branco e Bragança (com quase dois terços da população nacional), por Guarda e Portalegre (com um terço), e por Santarém (com apenas 2% da população), indica “O estado das aves em Portugal”, da SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves. A estimativa indica uma evolução demográfica positiva desde o último censo nacional, em 1999, com a população a aumentar cerca de cinco vezes em 19 anos.
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  • AVE

  • Grifo

    Gyps fulvus

  • Género:

    Gyps

  • Família:

    Accipitridae

  • Estatuto de conservação:

    “Pouco preocupante”, segundo a Lista Vermelha da IUCN – União Internacional para a Conservação da Natureza, embora fosse considerado como “Quase Ameaçado” pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, no início dos anos 2000. Está protegido pelas legislações nacional e europeia (Diretiva Aves).

  • Habitats:

    Vive, sobretudo, em regiões abertas, com poucas árvores, incluindo planícies, montanhas ou planaltos montanhosos com escarpas. Nidifica exclusivamente em escarpas rochosas, associadas a desfiladeiros fluviais ou a cristas montanhosas.

  • Distribuição:

    Ocorre na Europa, norte de África, Arábia e Ásia (região paleártica). Por existir naturalmente na Eurásia, é denominado, em inglês, “Eurasian Griffon Vulture”. Em Portugal, observa-se, principalmente, na metade interior do território, sendo mais frequente na zona raiana e nos vales encaixados das bacias hidrográficas do Douro e do Tejo.

  • Altura / Comprimento:

    1 metro de comprimento e até 2,8 metros de envergadura.

  • Longevidade:

    37 anos (em estado selvagem) e 55 anos (em cativeiro).

Onde temos avistado o grifo?

O grifo tem sido avistado em propriedades sob gestão da The Navigator Company em vários pontos do interior português, desde o Mogadouro, bem a Norte (distrito de Bragança), até Aljustrel, já no Sul (distrito de Beja).

No Tejo Internacional e zonas adjacentes é onde mais grifos têm sido avistados nas propriedades Navigator ao longo do tempo – especificamente entre 2008, ano em que a empresa iniciou o seu Programa Anual de Monitorização da Biodiversidade, até ao presente (início de 2023).

Não estando identificados locais de nidificação dentro ou próximo das propriedades, as medidas de conservação dirigem-se ao seu habitat, mantendo e melhorando zonas com interesse para a conservação da biodiversidade com o objetivo de que estas zonas forneçam as condições de alimentação, de refúgio e reprodução para esta e outras espécies.

Recorde-se que as regiões interiores em torno do Tejo, onde a água do rio corre por entre falésias e escarpas, estão entre os locais privilegiados para a instalação de colónias de grifos, pelo que esta é uma espécie identificada no Parque Natural do Tejo Internacional, onde a Navigator tem a decorrer o projeto Zambujo reCover.

Trata-se de um projeto de restauro ecológico que, apesar de não se dirigir diretamente a esta ou outras aves, vai promover a resiliência de uma área de 150 hectares em pleno parque natural, melhorando o estado geral deste ecossistema que beneficia centenas de espécies e os seus habitats. Saiba mais sobre o Zambujo reCover.

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