Arbusto ou pequena árvore típica da região Mediterrânica, o medronheiro é muito apreciado pelo seu fruto, mas tem vindo a tornar-se também valorizado pelo papel ecológico que desempenha, nomeadamente na recuperação de ecossistemas degradados.
O medronheiro (Arbutos unedo) é um arbusto ou pequena árvore, que cresce, habitualmente, até aos cinco metros de altura, mas que pode elevar-se a mais do dobro. As suas folhas de margem serrada, verde-escuras e brilhantes na face superior, mantêm-se todo o ano. A cor desta folha persistente contrasta com o tom do fruto, o medronho, que se torna amarelo, laranja e vermelho-vivo à medida que amadurece.
Os frutos redondos, de superfície rugosa, ficam maduros no outono, contrariando o ciclo observado na maioria das espécies que crescem naturalmente em Portugal – as espécies autóctones. Uma das razões deste desfasamento deve-se ao longo período de floração do medronheiro: as flores, de um tom branco-esverdeado ou rosado, só surgem na altura em que os frutos do ano anterior estão a ficar maduros, mantendo-se até fevereiro. Assim, flores e frutos coexistem no outono – quando o fruto é colhido, é preciso cuidado para não danificar as flores.
Cada fruto tem entre 20 e 25 sementes, bem pequeninas (dois a quatro milímetros). Ajudadas pela manta vegetal do solo, estas sementes facilitam a germinação natural da espécie, que cresce por todo o território nacional, embora seja mais comum no Sul e em partes do interior. Nestas zonas de Portugal, o medronheiro tem longa tradição e os seus frutos são muito apreciados na produção de aguardentes e licores.
Além da valorização do fruto nestas bebidas e do seu aproveitamento industrial (alimentar e cosmética, por exemplo), também a madeira e raízes têm sido usadas tradicionalmente – a madeira como combustível e as raízes na produção de carvão. As folhas e a casca são ricas em taninos e podem também ser usadas para curtir peles.
Mais recentemente, esta espécie pioneira tem visto destacado o seu valor ecológico, que se deve, em particular, à sua resiliência ao fogo e à rápida capacidade de regeneração, o que a torna numa aliada na recuperação de ecossistemas degradados. Nesta vertente ecológica, de salientar também que o medronheiro constitui uma importante fonte de alimento para os polinizadores durante o outono e inverno, altura em que há menos disponibilidade de flores (alimento).
Apesar de ser uma espécie com estatuto de conservação Pouco Preocupante (de acordo com a Lista Vermelha da IUCN), o medronheiro integra dois habitats protegidos pela Diretiva Habitats, que constam do Plano Setorial da Rede Natura 2000: é a espécie dominante no subtipo 5330pt3 “Medronhais – Matagais altos dominados por Arbutus unedo” e codominante em vários subtipos do habitat natural prioritário 5230 “Matagais arborescentes de Laurus nobilis”. É ainda uma espécie frequente no estrato arbustivo do habitat 9330 “Florestas de Quercus suber”.