Considerado o maior inseto da Europa, o escaravelho vaca-loura (Lucanus cervus) vive nas florestas portuguesas e depende de árvores antigas. Na Europa, o seu estatuto é de espécie “Quase Ameaçada”.
Espécie curiosa e relativamente rara, a vaca-loura chama a atenção pelo seu grande porte em comparação com outros insetos. Também conhecido como cabra-loura, este é o maior inseto da Europa, podendo alcançar os nove centímetros.
Da família dos Lucanídeos, a vaca-loura é um coleóptero – ordem de insetos onde se incluem também as carochas, as joaninhas e os gorgulhos – e o seu habitat são bosques maduros com árvores antigas de folhas caducas, sobretudo carvalhos (Quercus spp.). Na fase em que são larvas, vivem no solo e nas raízes das árvores, alimentando-se de madeira morta. As larvas – que podem ser ainda maiores que os adultos (10 centímetros) – passam por várias transformações durante um período que pode ir até três anos, emergindo depois com o aspeto de adulto.
Machos e fêmeas são bastante distintos, nesta fase adulta. Enquanto os machos possuem mandíbulas de grande dimensão (para lutar com machos rivais), de cor castanho-avermelhado, as fêmeas têm mandíbulas pretas e de pequeno tamanho. Os machos exibem-se no cimo das árvores, tornando-se visíveis para as fêmeas e esta posição elevada permite-lhes derrubar machos rivais, deitando-os ao chão. Depois de acasalarem, os machos morrem e as fêmeas procuram locais “seguros” para pôr os ovos, que garantam a sobrevivência da nova geração. Depois da postura, morrem também.
Durante o seu curto tempo de vida adulta, avistam-se sobretudo nos meses de verão, altura em que estão mais ativos e em que se alimentam de seiva que brota de pequenas fissuras na casca de algumas espécies de carvalhos, como o carvalho-alvarinho (Quercus robur) ou o carvalho-americano (Quercus rubra). A vaca-loura tem elevado valor nutritivo e, por sua vez, é alimento sobretudo para aves (como a gralha, a pega-rabuda ou o peneireiro) e ainda para alguns mamíferos, como a raposa (Vulpes vulpes).
A redução dos números desta espécie, especialmente no norte da Europa, em virtude da perda de habitat, levou as autoridades europeias a integrarem a vaca-loura na lista de espécies constantes do Anexo II da Directiva Habitats (92/43/CEE do Conselho, de 21 de maio de 1992), que designa espécies de interesse comunitário cuja conservação exige a designação de zonas especiais de conservação. A espécie também consta do Anexo III da Convenção de Berna, relativa à Conservação da Vida Selvagem e dos Habitats Naturais da Europa e está classificada como Quase Ameaçada pela IUCN.