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Carvalhiça

A carvalhiça ou carvalho-anão é o mais pequeno dos carvalhos portugueses e uma das espécies que foi identificada pela primeira vez no nosso país.

A carvalhiça, também conhecida como carvalho-anão, é o mais pequeno dos carvalhos portugueses. O seu nome científico Quercus lusitanica ajuda a identificá-la como uma espécie nativa em Portugal e este é um dos três únicos países do mundo onde existe naturalmente – os outros são Espanha e Marrocos.

Pequeno arbusto de forma irregular, a carvalhiça cresce habitualmente até aos 30 centímetros, mas pode elevar-se bastante mais, embora raramente supere os três metros. Apesar de ser maioritariamente um arbusto rasteiro, pode estender-se por vastas áreas, pois os seus caules desenvolvem, em alguns pontos, raízes que dão lugar a novas plantas idênticas à “planta-mãe” (os caules são, por isso, designados como estolhosos).

A sua casca é lisa, em tons cinzento-esbranquiçados ou castanhos, e os seus ramos são frequentemente cobertos por uma fina camada pelosa (ramos pubescentes). Em cada nó existente nos ramos nasce apenas uma folha (folhas alternas). De cor verde mais escura e superfície mais lisa na face superior, as folhas são relativamente espessas, têm uma forma ovalada e são largamente dentadas ou serradas na metade ou dois terços superiores. As folhas mantêm-se fixas mesmo depois de secas e assim permanecem durante toda a estação fria, até serem “empurradas” pela nova folhagem da primavera seguinte (folhas marcescentes).

A carvalhiça tem flores amarelas, ou melhor, inflorescências que lembram cachos (amentilhos) e o seu fruto é, tal como em todos os carvalhos, uma bolota (glande) que guarda no seu interior a semente. A bolota da carvalhiça é grande e muito alongada, com uma cúpula rugosa.

Embora a espécie exista apenas na Península Ibérica e norte de Marrocos (endemismo) e a população de carvalhiças esteja a decrescer, o seu estatuto de ameaça foi considerado “Pouco Preocupante”. A importância de a preservar está patente no Plano Sectorial da Rede Natura 2000, que a elegeu como espécie dominante no Habitat 5330pt4 – Matos termo mediterrânicos pré-desérticos, subtipo Matagais com Quercus lusitanica.

Carvalhiça

Sabia que…

  • A espécie carvalhiça foi identificada pela primeira vez em Portugal, razão por que recebeu o nome científico lusitanica, numa referência à Lusitânia, antiga província romana, que corresponde a grande parte do território português.
  • Além da carvalhiça, temos em Portugal vários outros carvalhos nativos, como o carvalho-alvarinho (Quercus robur), o carvalho-negral (Quercus pyrenaica), o carvalho-cerquinho (Quercus faginea), o carvalho-de-monchique (Quercus canariensis), a azinheira (Q. rotundifolia), o sobreiro (Quercus suber) e o carrasco (Q. coccifera). Entre as muitas espécies exóticas presentes, destacam-se o carvalho-americano (Quercus rubra) e carvalho-vermelho (Quercus coccínea), com origem na América do Norte.
  • Tal como a nossa pele empola quando somos picados por uma melga, em reação às picadas de insetos (da espécie Cynips quercusfolii) nas folhas da carvalhiça (picadas feitas para depositar os ovos), ocorre uma multiplicação celular mais abundante do que o normal e formam-se os chamados bugalhos. Estas saliências arredondadas são ricas em taninos e foram usadas na indústria dos curtumes, no fabrico de tintas (tingimento de tecidos e escrita) e para fins medicinais. Também conhecidas como galhas, podem ser induzidas pelo ataque de variados organismos a que são suscetíveis os diferentes carvalhos e várias outras espécies, como o castanheiro (Castanea sativa).
  • No passado, os ramos da carvalhiça eram aproveitados, junto com outros matos, para fazer camas para o gado. Hoje, apesar de ser pouco usada como planta ornamental, a espécie tem potencial para integrar o coberto arbustivo de parques e jardins, não só pela sua beleza, mas também pela baixa manutenção que requer.
Carvalhiça

Como protegemos a carvalhiça?

A carvalhiça cresce naturalmente em várias propriedades da The Navigator Company, do centro e sul do país. Foi observada a norte do Tejo, por exemplo em Vila de Rei, mas mais frequentemente a sul: em Espirra, na zona de Monchique – casos de Corga Funda e Vale Tejoso –, e também na zona de Odemira (Sudoeste Alentejano), como acontece em Vale de Beja e Amarelo. Em algumas destas propriedades também estão identificadas, classificadas e cartografadas manchas que correspondem ao já referido habitat 5330 (Matagais com Quercus lusitanica).

Na Quinta de São Francisco é igualmente possível encontrar vários exemplares desta espécie, sobretudo na parte sul desta propriedade, no meio do eucaliptal centenário. Dois exemplares em particular merecem destaque, um na parte sudeste, entre grandes exemplares de Eucalyptus pulchella, e outro na parte sudoeste, entre vários espécimes de Eucalyptus elata.

Os exemplares de carvalhiça conhecidos são protegidos através de intervenções seletivas, que os preservam durante cortes, ações de desmatação ou de redução de biomassa combustível. A propagação da espécie através de bolotas também tem sido equacionada na Quinta de São Francisco, como forma de adensar o coberto arbustivo e o ensombramento de zonas onde existem espécies invasoras, como as acácias por exemplo.

  • PLANTA

  • Carvalhiça

    Quercus lusitanica

  • Género:

    Quercus

  • Família:

    Fagaceae

  • Estatuto de conservação:

    Pouco preocupante, pela Lista Vermelha da UICN- União Internacional para a Conservação da Natureza.

  • Habitats:

    Subcoberto de sobreirais e pinhais, podendo ser também encontrada em eucaliptais ou em matagais, como os urzais. Prefere zonas sombrias, com elevada humidade, em vários tipos de solos e em clima temperado ou mediterrânico, sempre com influência atlântica.

  • Distribuição:

    É uma espécie que apenas ocorre naturalmente na Península Ibérica e Marrocos.

  • Altura / comprimento:

    Até 3 metros, mas raramente ultrapassa meio metro.

  • Longevidade:

    Poderá viver centenas de anos (ou até milhares), embora a informação sobre a longevidade seja escassa.

Temas: