Esta é a afoita e ágil geneta (Genetta genetta), um mamífero com algumas semelhanças ao gato, apesar de não ser com ele aparentado. A espécie foi há muito introduzida em Portugal e tornou-se num dos nossos mamíferos silvestres mais comuns, presente por todo o território continental.
A geneta (ou gineta) é uma espécie solitária, que gosta de deambular à noite pelos seus habitats de eleição – áreas arborizadas e florestais, vegetação na proximidade de cursos de água e zonas rochosas –, escondendo-se de olhares humanos, mas que é também uma espécie adaptável, capaz de viver em muitos habitats, inclusive próximos de áreas urbanizadas.
Durante o dia, para se resguardar, prefere o sossego que encontra sob arbustos e árvores, desde densas coníferas a castanheiros, ou em cavidades rochosas. Evita campo aberto, em que fica mais vulnerável, mas não recusa “morar” em pequenos bosques ou campos de azinheiras, sobreiros, olivais, vinhas e outras áreas agrícolas, desde que ladeadas por sebes densas ou situadas nas proximidades de matas e áreas florestais.
Com um comportamento essencialmente noturno, é no escuro que caça, voltando depois à segurança e conforto da sua toca, forrada com a vegetação que encontra por perto.
Apesar de se alimentar principalmente de carne (por exemplo, de roedores), os insetos, bagas e outros frutos (sobretudo, frutos de outono) também fazem parte da sua dieta, razão pela qual a geneta é considerada uma espécie omnívora ou, melhor, mesocarnívora – nome dado às espécies, que tal como a geneta, a raposa, a fuinha, o texugo ou a lontra, completam uma alimentação à base de carne com outros alimentos.
De porte médio e corpo delgado e longo, a geneta é vestida por uma pelagem parda com manchas escuras e uma lista longitudinal negra. O focinho é pontiagudo, coberto por um padrão de branco sobre preto (ou cinza-escuro) que parece formar pequenos triângulos por baixo dos olhos e na zona da boca. As patas, com cinco dedos, terminam em garras curtas, afiadas e semiretrácteis, que usa para trepar às árvores. A cauda, comprida e felpuda, é revestida por oito a dez anéis de pelagem escura. As extremidades curtas e as orelhas triangulares fazem sobressair as semelhanças aos felídeos. Tal como eles, a geneta também é ágil, o que se justifica, em parte, pela sua leveza – pesa entre 1,2 e 2 quilogramas – e pelo seu corpo longo e delgado. Além de saltar e trepar, é também uma boa nadadora.
A geneta atinge a sua maturidade sexual aos dois anos. Reproduz-se durante todo o ano, mas são registados mais nascimentos entre abril e maio e entre agosto e setembro. A gestação é curta, de 70 dias, e é relativamente comum haver duas ninhadas por ano. Em cada uma nascem de uma a quatro crias. Com oito semanas, já depois do desmame, os pequenos juvenis estão prontos a sair da toca, mas só aos 12 meses a abandonam definitivamente.
Apesar do estatuto de conservação da geneta ser, tanto em Portugal como globalmente, “Pouco Preocupante” (LC), ela é protegida pelo anexo III da Convenção de Berna e pelo Anexo B-V da Diretiva Habitats. Quanto à sua proteção, há que ter atenção a ameaças como a redução e perda de habitats, que contribuem para que estas esquivas criaturas se aventurem por zonas urbanizadas, com elevado número de atropelamentos.