Alguma vez parou por instantes, numa noite chuvosa de outono, para ouvir um som semelhante a um pequeno pífaro? Então, é provável que tenha ouviu o sapo-parteiro-ibérico, um pequeno anfíbio cujo canto anuncia chuva, vida e um dos comportamentos parentais mais curiosos do reino animal.
Certamente, o anterior poderá ter alimentado a sua convicção em fadas ou duendes mágicos, mas, cabe-nos a nós dizer-lhe que veio de um ser ainda mais extraordinário: o sapo-parteiro-ibérico (Alytes cisternasii). Este pequeno anfíbio é um excelente cantor que deixa as suas melodias ao vento anunciando as chuvas de outono.
De corpo arredondado e aspeto robusto, o sapo-parteiro-ibérico raramente ultrapassa os 5 centímetros de comprimento. A sua pele rugosa em tons de castanho, cinzento ou verde-azeitona, salpicada de verrugas e manchas alaranjadas, funciona como armadura natural contra predadores como as cobras-de-água, aves e pequenos mamíferos, como a lontra, a doninha ou o ouriço-cacheiro, presentes no seu habitat, permitindo-lhe camuflar-se entre folhas húmidas e solo pedregoso.
Pequeno, e de hábitos noturnos e discretos, o sapo-parteiro-ibérico não é facilmente avistado durante o dia, preferindo esconder-se em buracos, sob pedras ou troncos. É quando a noite cai que sai dos seus refúgios em busca de insetos, aranhas e outros pequenos invertebrados, desempenhando um papel essencial no controlo de pragas e na saúde dos ecossistemas mediterrânicos onde vive.






