O sobreiro, espécie emblemática das paisagens portuguesas, foi uma das primeiras árvores protegidas do mundo. Este estatuto data de, pelo menos, 1546, quando o rei D. João III proibiu o seu corte e utilização para fabrico de carvão ou cinzas nas saboarias ribatejanas.
O sobreiro é uma árvore de folha persistente, de crescimento lento e grande longevidade, que pode viver mais de dois séculos e elevar-se aos 25 metros. Muito comum em Portugal, é facilmente reconhecida pela sua casca grossa de superfície gretada e rugosa, a cortiça, e pelo seu fruto, a bolota, dois produtos agroflorestais com uma longa história de valorização.
Esta espécie cresce naturalmente em vários países do mediterrânio ocidental, incluindo em Portugal, país que tem a maior área de sobreiros do mundo: 720 mil hectares, o que equivale a 22,3% da floresta portuguesa, de acordo com o 6.º Inventário Florestal. Embora se encontrem sobreiros de norte a sul de Portugal, mais de 600 mil hectares estão localizados no Alentejo, onde predomina a paisagem agrosilvopastoril a que chamamos montado. Esta é uma localização compreensível ao sabermos o sobreiro desenvolveu características que lhe permitem viver com temperaturas elevadas e escassez de água.
A cortiça que cobre os seus tronco e ramos, torna-o, inclusive, mais resiliente ao fogo, reforçando o seu valor ecológico, também reconhecido pela relevância da espécie como habitat e fonte de alimento para dezenas de espécies animais silvestres e domesticados.
Ao valor ecológico do sobreiro junta-se a importância económica da sua cultura, em particular pelas já referidas bolota e cortiça. O fruto tem longa tradição na alimentação animal, embora encontre hoje várias aplicações na alimentação humana, enquanto a extração de cortiça remonta ao período Romano e Grego. Usada desde tempos remotos como material flutuante e vedante – as rolhas ainda são a sua mais conhecida aplicação -, a cortiça tem hoje inúmeros outros fins, na construção civil (isolante térmico e acústico), na indústria do calçado e moda e até na aeroespacial.
Para preservar estes seus múltiplos valores, o sobreiro mantém-se como uma espécie protegida e consta também dos habitats integrados no Plano Sectorial da Rede Natura 2000: é a espécie dominante nos habitats naturais Montados de Quercus spp. de folha perene (6310) e nas Florestas de Quercus suber (9330). Em 2011, foi instituído como árvore nacional de Portugal.