O seu médio porte pode ser semelhante ao de um canídeo, mas a sua cabeça branca, pintada por duas listas pretas – desde a ponta do focinho até às orelhas –, não engana: trata-se de um texugo (Meles meles). Se, ainda assim, restarem dúvidas, a cauda curta e branca é também uma característica distintiva desta espécie que existe naturalmente em Portugal e pela Europa.
Apesar de ser uma espécie presente em todo o país, nem sempre é fácil avistar texugos, pois estes são mais ativos durante o crepúsculo e à noite, alturas em que comem, brincam e se reproduzem.
O texugo é um carnívoro, mas na verdade, o seu oportunismo quanto aos alimentos, torna-o num omnívoro, que come o que tem disponível em cada estação do ano. Raízes, cogumelos e frutos – como a azeitona, a bolota, a amora ou o figo que apanha ao nível do solo – fazem parte da sua dieta, que inclui também artrópodes, insetos ou minhocas (Lumbricus terrestris). Pode ainda caçar pequenas aves, répteis ou anfíbios.
Graças às suas garras fortes, de 25 milímetros, o texugo é um exímio escavador e construtor, dedicando-se a criar extensos e complexos sistemas de tocas que servem de casa – neste caso, de texugueira – à família, por várias gerações. É aqui que o texugo se reproduz e que vive.
Com pouco mais de um ano, entre as 14 e os 15 meses, dá-se a maturidade sexual. O texugo pode acasalar em qualquer época do ano, mas é mais comum que o acasalamento aconteça em dois intervalos: de fevereiro a maio e de julho a setembro. Para aumentar as hipóteses de sobrevivência das crias, as fêmeas têm “um truque na manga”: conseguem atrasar a implantação do embrião até dez meses, para que o nascimento coincida com a primavera, em melhores condições climatéricas e com maior quantidade de alimento. A gestação é curta, de apenas sete semanas, e cada ninhada tem duas a três crias, que ficam a viver junto ao seu núcleo familiar.
Os texugos cavam as suas texugueiras em terrenos tipicamente suaves e arenosos. As fortes e curtas garras fazem a maior parte do trabalho, mas são ajudadas pelo focinho. Para prevenir a entrada de terra as orelhas, os texugos conseguem fechá-las enquanto escavam.
Além das suas tocas, os texugos também cavam latrinas – covas com alguns centímetros de profundidade, onde depositam os seus excrementos. Esta é a sua forma de marcação de território e a observação das latrinas dá-nos pistas sobre a área em que costumam movimentar-se. Em Portugal, o seu território médio vai dos 4 km2 aos 5 km2, mas pode ser mais amplo: na Polónia foi registado um território com 24,4 km2.