Falar de zimbrais em Portugal continental significa falar de bosques e matos onde podem ser observadas várias árvores e arbustos do género Juniperus, capazes de viver em escarpas rochosas e em terrenos arenosos e pedregosos, onde muitas outras não subsistem.
Oxicedro (Juniperus oxycedrus), sabina-da-praia (J. turbinata subsp. turbinata), piorro (J. navicularis) e zimbro-comum (J. communis) – este último com duas subespécies alpina e hemisphaerica – são os zimbros que crescem naturalmente em Portugal continental. São espécies que remontam de formações antigas, que se tornaram mais raras devido à atividade humana, mas que se mantêm centrais para um conjunto de habitats naturais com interesse para a conservação (constantes do Anexo 1 da Diretiva Habitats).
É este o caso dos “Matagais arborescentes de Juniperus spp.” (Habitat 5210), patentes em zonas rochosas – desfiladeiros cavados por rios e arribas litorais – onde predominam ou se destacam o oxícedro e a sabina-da-praia. Encontramos comunidades relevantes oxicedro nas cristas e encostas que enquadram o Douro e Tejo Internacional, por exemplo, enquanto a sabina-da-praia se encontra, em especial, no litoral, entre Sintra e Santa Cruz, na Serra da Arrábida, Cabo Espichel, Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, Serra de Monchique, e costa sul do Algarve (Barrocal).
Dos zimbrais contemplados pela Diretiva Habitats fazem parte também as “Florestas endémicas de Juniperus spp.” (Habitat 9560), onde o oxicedro e a sabina-da-praia convivem, nomeadamente, com sobreiros (Quercus suber) e azinheiras (Quercus rotundifolia). Os bosques mistos que subsistem com estas formações são habitualmente pouco acessíveis, localizados em vales estreitos e encostas com acentuados declives. As zonas de Portugal onde se encontra este habitat são semelhantes às anteriormente referidas.
A sabina-da-praia e o piorro são também espécies relevantes e dominantes das “Dunas litorais com Juniperus spp.” (Habitat 2250). Estes zimbrais próximos do mar podem encontrar-se em várias zonas de matagais litorais e dunares na nossa costa atlântica, como, por exemplo, a sul da Figueira da Foz, em Peniche, Sintra, Troia e Costa Vicentina. Na bacia do rio Sado salientam-se as formações de piorro, espécie que não existe em nenhum outro lugar do mundo senão na Península ibérica (endemismo ibérico). Além do valor intrínseco destas espécies, a necessidade de conservação deste tipo de zimbrais reforça-se pela sua importância na formação dos habitats dunares e no papel que desempenham na alimentação e refúgio para os muitos animais que nelas habitam.