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Viagem pelos 14 parques naturais portugueses

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Percursos terrestres e passadiços para caminhar, zonas sombreadas onde contemplar a natureza e fazer piqueniques, mas também palco para praticar diversos desportos como canoagem, BTT ou parapente: os parques naturais são zonas a proteger, mas também das quais se pode desfrutar. Conheça agora os 14 parques naturais portugueses identificados pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas que pode conhecer e que contribuem grandemente para a conservação da biodiversidade nacional.

Preservar o património natural e cultural dos parques naturais é o principal objetivo destas Áreas Protegidas, incluídas na Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP). Para melhor mergulhar na natureza propomos que prepare a sua visita explorando com o Biodiversidade.com.pt os parques naturais portugueses que integram a rede Nacional de Áreas Protegidas (RNACP), 13 deles de âmbito nacional e um de âmbito regional.

Parque Natural do Alvão

Entre o Minho e Trás-os-Montes, englobando os concelhos de Mondim de Basto e de Vila Real, este parque engloba a queda de água do rio Olo em Fisgas do Ermelo, em plena Serra do Alvão, uma zona reconhecida pela grande beleza natural. Já estão inventariadas cerca de 200 espécies, desde avifauna aos mamíferos (entre eles a lontra europeia, Lutra lutra ou o texugo, Meles meles) e répteis. O ICNF indica que, destas, 117 estão incluídas no anexo II da Convenção de Berna e 44 foram incluídas na lista de espécies ameaçadas do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Estão inventariadas cerca de 486 espécies de plantas, das quais 25 endemismos ibéricos, 7 endemismos lusitânicos e 23 com estatuto de conservação.

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Parque Natural da Arrábida

Ocupando cerca de 17 mil hectares, 5 mil deles em oceano, o Parque Natural da Arrábida situa-se nos concelhos de Palmela, Sesimbra e Setúbal. As características únicas do parque – do solo, clima e geológicas – são propícias à existência de diversos habitats. Da sua flora, destacam-se espécies como o tojo (Ulex densus), 30 espécies de orquídeas e carrasco (Quercus coccifera), designado recentemente como Quercus pseudococcifera, estando inventariadas cerca de 1450 espécies, 90 classificadas como tendo elevado valor enquanto património genético. Foram já identificadas 650 espécies de invertebrados, destacando-se duas espécies: o gorgulho-esmeralda-rosado (Cneorhinus serranoi) e o caracol (Candidula setubalensis), endemismos exclusivos da serra da Arrábida (este presente na Lista Vermelha da IUCN). O Parque Marinho Professor Luiz Saldanha, em homenagem ao biólogo, estende-se por uma área de 52 km2 e está integrado na rede europeia de conservação – Rede Natura 2000. Na área foram já registadas mais de 1400 espécies.

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Parque Natural do Douro Internacional

Este parque estende-se pelos concelhos de Figueira de Castelo Rodrigo, Freixo de Espada à Cinta, Miranda do Douro e Mogadouro, fazendo fronteira com o rio Douro e o afluente Águeda, ocupando, ao todo, quase 90 mil hectares. Da sua rica fauna constam 250 espécies: 35 mamíferos – como o lobo (Canis lupus), o corço (Capreolus capreolus) e o javali (Sus scrofa), 170 aves (com destaque para as aves rupícolas, que substratos rochosos para nidificar, como a cegonha-preta (Ciconia nigra), a águia-real (Aquila chrysaetos) ou a águia-de-bonelli (Aquila fasciata), 20 répteis – como o  cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis), 11 anfíbios e 14 peixes.

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Parque Natural do Litoral Norte

No concelho de Esposende, entre a foz do rio Neiva e a Apúlia, este parque ocupa 16 quilómetros da costa litoral norte, num total de 8761 mil hectares, a maioria área marinha (7703 mil hectares). Nos seus variados habitats foram inventariadas 240 espécies de plantas, distribuídas por 15 habitats da Diretiva Habitats, quatro deles prioritários. Quanto a fauna, foram inventariadas 211 espécies de vertebrados. De entre estas, 117 espécies de ave, como o mergulhão-de-pescoço-preto (Podiceps nigricollis) e o corvo-marinho-de-crista (Phalacrocorax aristotelis), ambos com estatuto de ameaça, 10 mamíferos (como a lontra (Lutra lutra) ou o toirão (Mustela putorius), 6 répteis, 7 anfíbios (como a rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi) ou o sapo-de-unha-negra (Pelobates cultripes), ambos a constar do Anexo II da Convenção de Berna) e 72 peixes, incluindo quatro espécies ameaçadas inscritas no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.

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Parque Natural de Montesinho

Na fronteira com Espanha, no Alto Nordeste transmontano, este parque situa-se nos concelhos de Bragança e Vinhais, ocupando mais de 74 mil hectares e as serras de Montesinha e Coroa. Carvalhais em que domina o carvalho-negral (Quercus pyrenaica), soutos e sardoais, bosques ripícolas, giestais, urzais, estevais ocorrem neste parque natural. Pela diversidade de habitats que ocorrem em montanha, por ali ocorrem 110 espécies de aves nidificantes, tais como a águia-real (Aquila chrysaetus).

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Parque Natural da Ria Formosa

No sotavento algarvio, estendendo-se pelos concelhos de Faro, Loulé, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António, o Parque Natural da Ria Formosa ocupa 18 mil hectares de área lagunar. As dunas, o sapal e a mata são os três habitats existentes no parque, e em cada um deles ocorre vegetação e fauna diferente. Da flora destaca-se o tomilho-das-praias (Thymus carnosus), uma psamófita (ou seja, que ocorre em lugares secos e arenosos) endémica portuguesa, encontrada no Alentejo e Algarve. Neste parque podem ser observadas várias espécies de aves aquáticas migratórias, vindas do norte da Europa, como o pato-real (Anas platyrhynchos) e a piadeira (Anas penelope), mas também a colónia de garça-branca-pequena (Egretta garzetta). A própria Ria abriga muitas espécies de peixe, moluscos e crustáceos, contando-se na sua ictiofauna (isto é, o conjunto das espécies de peixes) do parque 65 espécies identificadas. Outras espécies a destacar: o camaleão (Chamaeleo chamaeleon), ameaçado de extinção e espécie que ocorre apenas no litoral do Sotavento algarvio. O caimão ou galinha-sultana (Porphyrio porphyrio) é uma espécie cuja presença em Portugal ocorre apenas na Ria Formosa. É por isto que a espécie ameaçada foi escolhida para símbolo deste parque.

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Parque Natural da Serra da Estrela

Ocupando grande parte do maciço da Estrela e os concelhos de Celorico da Beira, Covilhã, Gouveia, Guarda, Manteigas e Seia, este parque natural estende-se por 89 mil hectares. Na sua extensão encontram-se lagoas, pastagens de altitude, turfeiras, carvalhais, castinçais e azinhais. Aqui observam-se endemismos da serra da Estrela, como Festuca henriquesii, Leontodon pyrenaicus subsp. herminicus e Ranunculus abnormis e outras, raras, como Alchemilla transiens e Gentiana lutea. A fauna, esta é diferente consoante o meio em que ocorre: rural (como a águia-de-asa-redonda, a toupeira ou a lebre), florestal (como a geneta, a coruja-do-mato ou a cobra-de-ferradura), arbustivo (como o texugo, a carriça ou o sapo-parteiro), subalpino (como a lagartixa-a-montanha, a gralha-de-bico-vermelho ou o bufo-real) e cursos de água (como o melro-de-água, a toupeira-de-água ou o guarda-rios).

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Parque Natural da Serra de S. Mamede

Em território dos concelhos de Arronches, Castelo de Vide, Marvão e Portalegre, o Parque Natural da Serra de S. Mamede ocupa mais de 56 mil hectares. Tem como símbolo a águia-de-bonelli, uma rapina que nidifica nas escarpas da serra. Nele se encontram carvalhais, castiçais, sobrais e azinhais, giestais, estevais, demonstrando a influência atlântica e mediterrânica da zona. Foram aqui identificadas 800 espécies florísticas. Os habitats distintos que criados a norte e oeste e a sul e leste são propícios à existência de aves (150 espécies identificadas pelo Atlas das Aves do Parque Natural), como o grifo (Gyps fulvus) e o abutre-preto (Aegypius monachus) e colónias de morcegos, mas também anfíbios e répteis (como o lagarto-de-água (Lacerta shreiberi), o sapo-parteiro-ibérico (Alytes cisternasii), distribuídos por matos esclerófilos (adaptados ao clima seco), formações herbáceas naturais e seminaturais, habitats rochosos e grutas e florestas, com destaque para o carvalho-negral (Quercus pyrenaica).

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Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros

O Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, situado nos concelhos de Alcobaça, Porto de Mós, Alcanena, Santarém, Torres Novas e Ourém, abrange mais de 38 mil hectares, assente sobre as serras calcárias do centro do país. O símbolo do parque é o morcego, espécie cavernícola que tem nesta Área Protegida 18 espécies identificadas. No parque ocorrem vários habitats, incluindo alguns habitats prioritários, como 3170 – Charcos temporários mediterrânicos, 5230 – Matagais arborescentes de Laurus nobilis ou 6110 – Prados rupícolas calcários ou basófilos da Alysso-Sedion albi.

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Parque Natural de Sintra-Cascais

Do concelho de Sintra até à Cidadela de Cascais, englobando área rural e faixa costeira, este parque estende-se por mais de 14 mil hectares. Incluído na Rede Natura 2000, o litoral do parque e a serra de Sintra estão inseridos no “Sítio Sintra-Cascais”, onde ocorre uma grande diversidade de habitats e endemismos, com 900 espécies de flora autóctone identificadas, 10% delas endémicos. Das observações registaram-se mais de 200 espécie de vertebrados, dos quais 33 são mamíferos (como o ouriço-cacheiro – Erinaceus europaeus), 160 aves (como o falcão-peregrino – Falco peregrinus), 12 anfíbios, 20 répteis (como o lagarto-de-água) e 9 peixes de água doce (com destaque para a boga-portuguesa – Iberochondrostoma lusitanicum).

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Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina

Desde o sul do Alentejo até à costa sul algarvia, situando-se nos concelhos de Aljezur, Odemira, Sines e Vila do Bispo, este parque ocupa mais de 89 mil hectares, quase 29 mil hectares em zona marinha. A diversidade de habitats (35, no total, muitos exclusivos do Sítio Costa Sudoeste) resulta numa variedade de fauna e flora. Ali pode ser encontrada a única população marinha de lontra (Lutra lutra) que se conhece no nosso país. Outras ocorrências a destacar: o rato-de-cabrera (Microtus cabrerae) e o lagarto-de-água (Lacerta schreiberi). A flora divide-se por três ambientes geomorfológicos: o barrocal ocidental, o planalto litoral e as serras litorais e barrancos. No total, ocorrem 750 espécies, 100 delas endémicas (como a Biscutella vicentina ou o Cistus palhinhae), raras ou localizadas e 12 existem apenas neste parque. Quando a espécies arbóreas, o sobreiro (Quercus suber), o carvalho-cerquinho (Quercus faginea) ou medronheiro (Arbutus unedo) podem ser observados nas encostas dos barrancos. Das espécies marinhas destaque para as algas encontradas nos fundos rochosos, como a Codium spp., a Enteromorpha spp. e as florestas de Laminárias.

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Parque Natural do Tejo Internacional

De Castelo Branco a Idanha-a-Nova e Vila Velha de Ródão, os mais de 26 mil hectares deste parque ocupam o troço do rio Tejo na fronteira com a Espanha, os seus vales e áreas aplanadas. As arribas do Tejo são um ponto de concentração de espécies da fauna e flora, bem como as linhas de água que ali ocorrem. Os 16 habitats naturais do parque estão inscritos no Anexo B-I do Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro, sendo três deles prioritários: o 3170 – Charcos temporários mediterrânicos, o 6220 – Subestepes de gramíneas e anuais da Thero-Brachypodietea e 91E0 – Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus Excelsior (Alno-Padion, Alnion incanae e Salicion albae). Na paisagem, das espécies arbóreas destaca-se a azinheira (Quercus rotindifolia), o sobreiro (Quercus suber) e o carrasco (Quercus coccifera). Ao todo, foram identificadas 610 espécies de 92 famílias botânicas, 51 delas endémicas, como são exemplo Anthyllis lusitanica e Campanula transtagana. Quanto a fauna, ocorrem mais de 200 espécies, 11 delas consideradas em perigo, 13 vulneráveis e algumas raras. Aqui se pode observar a rara cegonha-preta (Ciconia nigra), o abutre-preto (Aegypius monachus) e a águia-real (Aquila chrysaetos) e também alguns peixes com o mesmo estatuto, como a boga-de-boca-arqueada (Chondrostoma lemmingii).

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Parque Natural do Vale do Guadiana

Em Mértola e Serpa, no vale médio do rio Guadiana, este parque natural estende-se por quase 70 mil hectares. Nas suas planícies, elevações e vales encaixados do rio encontram-se várias espécies. Áreas de esteval e culturas de sequeiro, montados de azinho e algum sobreiro compõem a paisagem do parque. Área rica em avifauna, aqui se encontram várias espécies de aves de presa: em Mértola pode ser observada uma importante colónia urbana de francelho ou peneireiro-das-torres (Falco naumanni), espécies rara e ameaçada. Na bacia hidrográfica observam-se 11 espécies de peixes nativos e residentes, muitos endemismos ibéricos, como o saramugo (Anaecypris hispanica), a boga-do-guadiana (Pseudochondrostoma willkommii) e o barbo-de-cabeça-pequena (Luciobarbus microcephalus).

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Parque Natural Regional do Vale do Tua

Os 25 mil hectares deste parque, distribuídos por Vila Real e Bragança, situam-se no Baixo Tua com uma paisagem variada de serras, planaltos e vales encaixados dos rios Douro, Tua e Tinhela. Foram identificadas 700 espécies de flora vascular e 400 espécies de flora criptogâmica (cujos órgãos sexuais estão ocultos, como os briófitos e os líquenes) na área, assinalando-se o endemismo Digitalis purpurea subsp. amandiana. O buxo, a zelha, sobreiras de carvalho-cerquinho são algumas das árvores se encontram na paisagem. A fauna é rica, tendo sido até agora identificadas 943 espécies (744 invertebrados terrestres, 15 peixes, 12 anfíbios, 20 répteis, 123 aves e 29 mamíferos). Pela sua raridade, destacam-se a toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus), o rato-de-cabrera (Microtus cabrera), a lontra (Lutra lutra) e o bufo-real (Bubo bubo).


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